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16 de outubro de 2019

"A preguiça tinha que doer"


Cresci ouvindo essa frase da boca de minha mãe, em paráfrase a uma colega sua de trabalho, D. Otília. A vida inteirinha achei engraçada a frase... Talvez pelo tom quase profético como minha mãe a repetisse, carregando de importância axiomática a frase simples; talvez pelo fato de, uma vez "normalizada" (resultado da repetição), ter deixado de me soar estapafúrdia (como de início me soava) para adquirir status de adágio ou de postulado de raciocínio lógico... 

Eureka! A preguiça tinha mesmo que doer. Afinal, doesse a preguiça em nós, no braço ou no dedão do pé, seríamos bem mais dinâmicos e encorajados a refutá-la com firmeza sempre que se avizinhasse, sorrateira - o que equivale a dizer que, se nos doesse a preguiça, não sentiríamos preguiça. Parece lógico...

Mas a preguiça não dói e, não doendo, vamos deixando que vá se chegando, se chegando... (de preferência largados no sofá ou morgados naquela velha poltrona reclinável - que é pra não cansar)...

Este ano de 2019 foi um ano de muita preguiça para mim. 

[Ops! Foi??]

Faço uso do pretérito porque estar no mês de outubro, para mim, é como ver que o relógio está marcando 12:40h. Quando olho o relógio marcando 12:40h, entendo que (minha-nossa!) já são 13h! Pois então, quando vejo que estamos em outubro, entendo que (minha-nossa!) já estamos no fim do ano... 

Ok, essa percepção do tempo é mesmo coisa muito pessoal, mas há um argumento outro com que a maioria vai poder concordar. Basta olhar as gôndolas dos supermercados - cheias já de panetone. Pronto. Ninguém mais duvida. Fim do ano está aí.

Mas, então, 2019 foi um ano de muita preguiça para mim, embora isso não signifique dizer que tenha sido um ano propriamente pacato ou pasmacento. Viagem longa de férias (delícia), seleção para novo projeto no trabalho (ansiedade e euforia), chikungunha ("u-ó", ninguém merece), inserção em nova equipe de trabalho (insegurança), novo trabalho e mais outro (medinho e insegurança), iniciação em jardinagem amadora (reconforto entre flores e minhocas), reorganização dos espaços de casa (bom, mas trabalhoso), novo local de trabalho (delícia), obra em casa (pânico), entre outros acontecimentos de menor impacto emocional (mas não de menor importância) fizeram pipocar de intensidade o meu 2019.

Acho que a preguiça, aqui, se justifica... Com tantos acontecimentos, alguns deles me privando da sensação (confortável a uma taurina) de pacatez e sossego, eu passei a aproveitar cada brecha que surgia pra me aconchegar naquela poltrona, a esperar, quietinha, que a preguiça se acomodasse por perto pr'uma soneca sem culpa...

E, assim, neste ano buliçoso de 2019, acabei me dedicando quase nada ao Coisicas, o que é uma pena, mas, por outro lado, nem chega a ser pena, não... Procurei não me cobrar por isso, fazendo o exercício (nem sempre fácil) de compreender e aceitar que ando merecedora de não fazer nada e que posso me permitir certo ócio, sem nóia, em companhia, sim, da boa, velha e má afamada preguiça. Afinal de contas... não dói nada!


Assim que a preguiça passar, eu volto pelas bandas de cá!

A todos o meu até já! ;)

Simone dos Santos.


Simone dos Santos - A preguiça tinha que doer - Coisicas Artesanais
Momento de sossego na Reserva Natural do Caraça - MG - Janeiro de 2009
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