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7 de outubro de 2017

História ilustrada - Devoção Congadeira e a história de Nossa Senhora do Rosário entre as Irmandades do Rosário no Brasil


Artista convidado: Alexandre Rosalino



Hoje, 7 de outubro, é dia de Nossa Senhora do Rosário. Considerada a Padroeira dos negros, Ela é festejada por Nações de maracatu e Irmandades congadeiras espalhadas por diversos cantos do Brasil... Por isso, hoje eu peço licença para (re)contar aqui uma história que ouvi muitas vezes, de variadas fontes, em diferentes contextos e com nuances diversas, contada por homens e mulheres d'Ela devotos.

Evitando fugir muito ao tema principal desse blog (que é artesanato), eu convidei, para ilustrar essa história, um artista que traz consigo forte vivência entre aqueles devotos de Nossa Senhora do Rosário (ele próprio, aliás, um devoto), fato que marca a temática de parte de seus quadros, inspirados nas festas, na musicalidade e na fé de homens e mulheres herdeiros e mantenedores dessa tradição que ele conhece tão bem. Ao ser convidado a participar deste post, Alexandre Rosalino, muito gentil e generosamente, agarrou a "missão" de criar um quadro especialmente para esta ocasião! ♥ ♥ ♥ Eita, que assim eu fico besta! Quanta honra♥ /\ ♥ 

Pois bem... vamos à história - que não é minha, mas daqueles homens e mulheres que a celebram todos os anos... Ela não tem local preciso nem data exata - como bem devem ser, aliás, as histórias que servem ao  arcabouço do Coletivo, onde podemos caber todos nós...

Dizem que o fato se passou muitos e muitos anos atrás... 


Num certo dia, daqueles tempos ainda de escravidão, num lugar onde hoje não seria possível precisar, o que se sabe de certo mesmo é que Nossa Senhora do Rosário apareceu no mar! E que, rapidamente, o dono daquelas terras mandou seus homens de confiança resgatarem a Santa. Aos negros, seus escravos, ordenou a feitura de uma capela para abrigá-la. Capela erguida, a Santa resgatada foi então posta no altar e daí foi um tal de oração prum lado, ladainha pro outro, bênção de padre amigo da nobre família e tudo o mais de pompa que a ocasião merecia!

(Naqueles tempos, a gente sabe, os negros não podiam entrar nas igrejas - mesmo tendo sido erguidas por eles - e, portanto, ficaram de fora de toda a celebração...)

Ocorre que, misteriosamente, mesmo com capela erguida, rezas e bênçãos oferecidas, no dia seguinte a Santa tornou a aparecer no mar. E lá se foram outra vez os homens de confiança do sinhô buscá-la para colocá-la de volta em seu lugar, na capela. Mas o fato misterioso tornava a suceder nos dias seguintes... Quantas vezes fosse retirada do mar e colocada no altar da capela, tantas vezes a Santa tornava a aparecer no mar...

Após inúmeras tentativas frustradas, foi a vez de os negros, eles próprios, tentarem resgatar a Santa de uma vez por todas. Mas eles não entraram no mar para pegá-la. Não. Eles ficaram foi na beira da praia, de onde era possível avistá-la entre as vagas. Ali mesmo se dividiram em 2 ou 3 grupos com seus tambores feitos de pau ocado e folhas de bananeira (ou de couro de bicho...) e, ali mesmo, se puseram a cantar, a dançar e a tocar em reverência à Nossa Senhora do Rosário, que estava no mar (de onde, aliás, também aqueles homens e mulheres - ou seus antepassados - vieram chegar em terras de cá).

Um grupo, formado pelos mais jovens, "puxava" cantigas de grande vigor e tinha movimentação ligeira. Outro grupo, formado pelos mais velhos, vinha atrás, mais devagar, e entoava cânticos mais solenes, de notas longas e ritmo mais lento... Cada grupo cantava ao seu modo, com ritmos diferentes e todos ao mesmo tempo!

Ao passo que cantavam e tocavam, a Santa vinha se aproximando da praia, mais e mais, como que trazida pelas ondas ou... como que embalada magicamente pela cadência daquelas músicas e pela força daqueles homens e mulheres que cantavam para Ela!

Quando estava já bem perto da praia, Nossa Senhora pôde ver nos olhos daqueles homens e mulheres (mais que as feridas e as marcas que traziam em seus corpos) a dor que carregavam na alma, fruto da escravidão. E dizem que foi então que Ela se sentou sobre um dos tambores que os negros tocavam (aquele, sim, o SEU LUGAR - entre aqueles que cantavam em Sua devoção!) e que ali, diante deles e entre eles, foi que, compadecida de tanto sofrimento, Ela chorou...

Dizem que no lugar onde Ela chorou, bem onde o seu pranto tocou o chão, nasceu um pé de Lágrima de Nossa Senhora, de onde os herdeiros dessa tradição extraem as contas que usam, até os dias de hoje, para fazer o seu Rosário, que lhes fora dado por Ela.

O tambor onde Ela se sentou, chamado candombe (aliás, um naipe inteiro de tambores), é hoje guardado como relíquia em diversas Irmandades, não saindo nas ruas em cortejo, por se tratar de tambor sagrado. Em seu lugar saem às ruas as caixas, os patangomes, as gungas..., mas o candombe é usado até os dias de hoje para firmar bandeiras, quando se erguem os mastros nas festas que ocorrem em diversas comunidades congadeiras do nosso país.

Os cortejos saem ainda em dois grupos, hoje comumente chamados de ternos ou guardas. Como na antiga história, as duas guardas saem juntas. A mais jovem e de cantigas mais alegres e ligeiras, ficou conhecida como guarda (ou terno) de congo. Já a de toadas mais lentas e solenes, e formada pelos mais velhos, guarda (ou terno) de moçambique. Em algumas regiões, sabidamente no norte de Minas Gerais, esses grupos estão representados como Catopês e a eles se juntam outros grupos ainda... Marujadas, Caboclinhos e Caixas de Assobio cantam, tocam, dançam e saem em cortejo para louvar Nossa Senhora do Rosário!

Em seus ritos de devoção, esses grupos passaram a contemplar também São BeneditoSanta Efigênia (dentre tantos outros santos católicos) e relembram em suas cantigas as dores dos seus antepassados (que viveram os horrores da escravidão) e temas como a libertação dos escravos, por vezes cantando ainda para Oxalá, para Iemanjá, para Xangô etc, mesclando e amalgamando culturas de matrizes diversas num calendário festivo que (dependendo da Irmandade) tem início entre agosto e outubro e se estende até maio do ano seguinte.

Nas diversas regiões onde é festejado o Reinado de Nossa Senhora (também popularmente conhecido como "congado" ou "congada"), cada Irmandade, cada capitão e capitã, cada bandeireira e caixeiro, cada criança, devoto e irmão, todos contam aquela mesma história de Nossa Senhora resgatada do mar - obviamente dando nomes e características próprios da sua região, da sua cultura, do seu histórico social e focando neste ou naquele detalhe, de acordo com as histórias que ouviram de seus antepassados e que vêm sendo recontadas e retransmitidas de geração a geração...

No fundo, guardadas as particularidades inerentes a cada Irmandade (que revelam variáveis sociais, regionais etc...) a história é sempre a mesma e une a todos enquanto Filhos do Rosário e descendentes de uma mesma tradição.

Viva Nossa Senhora do Rosário!

Viva todo o Povo do Rosário! 

Vivam as Irmandades Congadeiras de todo o Brasil!

E vivam as histórias, os costumes e a fé, quando são capazes de nos unir de novo como IRMÃOS que verdadeiramente somos!

Coisicas Artesanais - Alexandre Rosalino
Sem título - óleo sobre tela - Alexandre Rosalino

"Lá no alto mar, êêê... tem uma luz que brilha
Lá no alto mar, êêê... tem uma luz que brilha
É o reflexo sagrado 
que alumeia o Rosário 
de Maria
É o reflexo sagrado 
que alumeia o Rosário 
de Maria"
(canto tradicional das guardas de moçambique em Minas Gerais)

* * *

Quero agradecer enormemente e do fundo do meu coração ao artista plástico Alexandre Rosalino, que se prontificou a pintar tão belo quadro (e carregado de memórias, de cores, fantasia, sentimento...) especialmente para este post! Quando o contactei, há alguns meses, com uma proposta maluca (sim, porque eu fiz a "encomenda" avisando que não iria comprá-la (!), que era tão somente para publicar aqui no Coisicas), ele, generosíssimo, em vez de me achar uma louca-varrida ou me mandar catar coquinho na ladeira, se envolveu, se entregou e decidiu participar!

Rosalino, querido, eu nem encontro palavras para demonstrar o tamanho da minha gratidão... Me sinto muito feliz e honradíssima com tua participação tão especial! Muito agradecida pela confiança e pela generosidade. Gradicidimáis da conta-! ♥ ♥ ♥

Quero agradecer também, e acima de tudo, à cada irmão e irmã da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Justinópolis, pela acolhida generosa e carinhosa de sempre e entre os quais eu pude ver e sentir essa história pelo lado de dentro e vivenciar um pouco dos seus desdobramentos e seus mistérios, o que mudou a pessoa que eu sou e pelo quê me sinto profunda e eternamente agradecida! /\

Aos leitores, aviso que pretendo apresentar Alexandre Rosalino "formalmente" aqui no Coisicas... Contar como o encontrei, falar um pouco da sua obra, do seu envolvimento com o congado mineiro, enfim... trazê-lo pruma boa prosa/entrevista para vocês poderem conhecer um cadiquinho mais esse artista tão especial!

Por ora, deixo vocês curiosos e na expectativa, apenas com o gostinho bom dessa "provinha" belíssima e generosa com que ele nos presenteou...

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10 de janeiro de 2017

Entrevista - Um cafezinho com Helena Coelho

Quando retomei contato com Helena Coelho para escrever sobre seu trabalho aqui no Coisicas Artesanais, em outubro do ano passado (veja aqui), eu fui recebida em sua casa com a alegria e o carinho de sempre! Naquele encontro gostoso, acompanhado de biscoitos e cafezinho, a entrevista que havia imaginado perdeu qualquer tom de formalidade e virou um delicioso bate-papo conduzido pelo carisma incontestável de Helena, que ficou à vontade para abrir seu coração e nos contar, dentre outras peripécias, como foi o momento em que se descobriu uma Artista Naif... 

Coisicas Artesanais - Helena, onde você nasceu e em qual data?
Helena Coelho - Precisa dizer o ano? rs...

C.A. - Não, fica à vontade! Eu tenho umas amigas que respondem apenas que nasceram no século passado! (Mas eu cá tenho minhas dúvidas se isso é uma boa tática, rs...)
H.C. - Ok, rs... Nasci no Rio de Janeiro, em Botafogo, no dia 1º de março de 1949. Tenho 67 anos...

C.A. - Primeiro de março? Junto com o aniversário da cidade?!
H.C. - Sim, um orgulho pra mim!

C.A. - (Tá vendo? A gente pode desviar o foco do ano de nascimento facilmente! rs) ... E eu li em alguma fonte por aí que essa data coincidiu com uma terça-feira de carnaval, é verdade?
H.C. - É, rs...

C.A. - Mais carioca impossível!
H.C. - Não é? rs...

C.A. - Na infância, quando te perguntavam o que vc queria ser quando crescesse, vc respondia o quê?
H.C. - Anjo!

C.A. - Anjo?!?!
H.C. - Anjo!! rs

C.A. - Que fofo! E que inusitado! (rs)
H.C. - (Rs) Mas eu gostava muito mesmo (não que eu quisesse ser, porque eu sabia que era impossível pra mim na época) era atuar... Eu queria atuar, eu queria trabalhar no teatro, sabe? 

C.A. - E, entre as suas brincadeiras favoritas, você aproveitava para encaixar esse sonho do teatro?
H.C. - Sim! Eu brincava com bonequinhas de papel marchê, brincava de teatro... Eram bonecos que uma professora emprestava e eu fazia as histórias de acordo com cada boneco. Eu pedia a minha avó... Eu ficava bem boazinha durante a semana e pedia a minha avó, que era lavadeira e ela estendia as peças de roupa na vila que nós morávamos, ela prendia o varal de uma casa a outra e botava os lençóis dos fregueses, essas coisas... E eu pedia a ela se me emprestava os lençóis pra fazer de cortina dos teatros - que nós brincávamos também de atuar. E com os bonecos, eu pedi pro meu tio fazer uma caixa grande e fazíamos ali marionete. Eu e os meus colegas da vila, cada um tinha uma função: um ficava na bilheteria, outro ajudava nas falas... E cobrávamos ingresso!

C.A. - Que bacana! E quem assistia a essas peças?
H.C. - As outras crianças, os pais das crianças, principalmente da vila.

C.A. - E, além de atuar e brincar de marionetes, a  Helena meninota também gostava de pintar? Havia algum prenúncio ali da Helena artista plástica?
H.C. - Não. Engraçado... porque eu não tinha... eu não fazia nada de desenho, nada. Eu só vim perceber que eu podia pintar, ou melhor, desenhar (porque no começo eu não pintava, eu desenhava só) foi quando eu fiquei doente, já adulta, com 40 anos... Eu tive que operar a lombar e fiquei um ano sem trabalhar - que naquela época a recuperação era difícil, hoje em dia é tudo rápido. E eu fiquei um ano sem trabalhar e nisso eu fiquei agoniada, porque eu sou hiperativa, né? Eu lia, mas leitura não me bastava, ver televisão não bastava, nada me bastava. Aí eu comecei a desenhar em pedaços de papelão, que eram de umas caixas de biscoitos que eu ganhava...

C.A. - Então esse dom pictórico se manifestou em você, primeiramente, pelo desenho e por ocasião de estar agoniada em casa, para espantar o tédio...
H.C. - É.

C.A. - E quando "caiu a ficha" de que aqueles desenhos podiam representar bem mais que um simples passatempo?
H.C. - Eu dividia o apartamento com uma colega minha e ela estava indo lavar o carro... e estava perto da hora do almoço, então eu pedi pra ela trazer uma comida pra mim quando voltasse. E as horas foram se passando, se passando, se passando e... Quedê? Ela fez mil coisas além de lavar o carro, almoçou e "não sei o quê" e esqueceu da minha comida. E a minha fome foi aumentando e eu fiz um desenho dum menino no balcão, o prato vazio, esperando a comida, né? Quando ela chegou e viu o desenho ela falou que era muito legal, que era coisa de artista e aí eu fui mostrando os outros desenhos que eu fazia pra outras amigas que vinham me visitar e uma delas me deu um monte de material de pintura, sabe?

Coisicas Artesanais - Entrevista com Helena Coelho
Lápis (algum tédio e muita fome) sobre papelão de biscoito: prima obra de Helena ;)

C.A. - Uau! Helena, que incrível esse teu desenho! Quanta expressividade naquele olhar!... E, vem cá... Até então você nunca tinha pensado em pintar?
H.C. - Não. Só que aí eu cismei que eu tinha que aprender, que eu não sabia de nada... Aí eu pedi pra essa minha colega, que me deu o material, pra ela me indicar uma professora. Só que... eu fiquei lá durante um mês e pouco mas a professora debochava das coisas que eu fazia...

C.A. - Como assim?!?! Ela não via ali um tipo de linguagem específica?!
H.C. - Ela sabia, ela sabia. Mas ela não... Ela achava que a gente tinha que fazer só coisa de Escola de Arte, sabe? E, nesse ínterim, uma outra conhecida minha, que era funcionária do Museu Judaico, quando viu os meus trabalhos ficou louca. E aí ela falou que ia levar fotos pra uma das curadoras do Museu Nacional de Belas Artes, pra ela ver o meu trabalho.

C.A. - Os mesmos trabalhos que a professora zombava, certo?
H.C. - É. Tudo "cortado", muita coisa "cortada", eram as minhas peças mutiladas...

C.A. - Por conta da interferência da professora...
H.C. - É. Mas... mesmo assim eu consegui fazer uma exposição no Museu Nacional de Belas Artes! E foi o maior sucesso!

C.A. - Uau!!! E foi nesse momento que alguém te contou que aquilo que vc fazia era naif?
H.C. - Foi. Foi um curador de lá também que veio falar comigo e me perguntou: "você conhece o museu naif?" Aí eu disse assim: "não". Aí ele: "não sabe o que é pintura naif?" Eu falei: "não".

C.A. - Deixa eu adivinhar... Aí ele te disse: "é isso aí que você faz"..
H.C. - É (rs), ele me disse: "é isso aí que vc faz"! rs... Agora você vê como é que as coisas são engraçadas! Eu comecei de cima, né? Rsrs!

C.A. - Sim! No Belas Artes! =)
H.C. - É! Mas não foi sozinha. Como eu não tinha um número grande de quadros, a curadora chamou um outro artista para dividir a exposição comigo. Mas tinha estandarte e tudo na porta! Rs...

C.A. - E depois disso vc foi procurar o Museu de Arte Naif?
H.C. - Fui. Quando o curador do MNBA falou do museu naif ele me disse: "quando vc for nesse museu vc vai reconhecer seus quadros".

C.A. - E aí? Rolou essa identificação?
H.C. - Nossa... eu fiquei emocionada... eu fiquei muito emocionada, sabe?

C.A. - Posso imaginar! ... E como se desenrolou esse contato lá no Museu de Arte Naif?
H.C. - Então. Mostrei aqueles trabalhos pro presidente do museu, a maioria ainda com a interferência da professora. E aí, ele falou assim pra mim: "você tem que fazer igual a Gauguin, esquecer tudo o que vc aprendeu"... (Ora, mas eu não aprendi nada! rsrs...) Ele falou: "esquece tudo, começa a pintar agora as coisas que vc sente, as coisas que vêm do seu coração; pinta, vai pintando e quando vc tiver uns 5 ou 6 quadros, vc traz aqui pra eu ver". Aí eu fui fazendo e fiquei quase um ano indo lá e ele sem me responder. Não falava absolutamente nada, se estava bom ou se estava ruim... Eu ficava agoniada... E aí, quando tinha um ano e pouco ele falou assim: "Helena, quantos quadros vc tem que já trouxe aqui pra mim?" Eu falei que uns 30 e aí ele falou assim: "bom, então eu acho que já dá pra fazer uma exposição individual"... Olha... eu fiquei doida!...

C.A. - Ai, aguenta coração!!! E como foi?? =)
H.C. - A exposição encheu pra caramba! Eu sei que era um tal de gente ficar perto do quadro pra "segurar" enquanto mandava o marido pagar! Rsrs... Até o meu sobrinho que era criança na época falou assim: "tia, você está rica" rsrs... Eu lembro que eu vendi pra caramba!

C.A. - Que delícia, Helena! E, vencido o equívoco das primeiras aulas com aquela "professora", depois que vc identificou a tua linguagem e "encontrou a tua turma", vc procurou outro professor para se aperfeiçoar?
H.C. - Olha, me chamaram, vários, vários professores de arte me chamaram pra fazer cursos... Eles falavam "Helena, você tem um desenho maravilhoso, aprende para vc aperfeiçoar", eu falava: "não quero". Porque se eu fizesse isso eu iria acabar com a pureza do meu trabalho, porque aí eu poderia começar a "julgar". E eu não penso nada disso. Eu vou fazendo. Eu faço. Se certo, se errado... Não existe "errado" pra nós.

C.A. - Bacana... Concordo com vc sobre a necessidade de não perder a pureza... O "estudo", algumas vezes, acaba engessando a criatividade mais essencial, né?... Então, mas, me conta: como é o teu processo criativo? Como você passa pras telas o que sente no coração?
H.C. - Tem o professor de uma amiga minha que ele acredita assim: que nada a gente produz antes que seja produzido lá em cima, rs, pra ele a gente só cria aqui o que já está "escrito nas estrelas", rs... E é verdade, é verdade, porque quando vem a inspiração, às vezes vc tem o quadro todinho na cabeça mas aí vc olha pra tela e aí que é "o parto". Às vezes vem prontinho, pronto, e outras vezes não, sabe? É mais demorado. Mas, no final dá tudo certo! Já teve ocasião de eu ter sonho e levantar para pintar o que tinha sonhado e depois voltar pra dormir, rs...

C.A. - Rs... Divertido... Eu sei que vc retrata muitas cenas do Rio de Janeiro, mas também santos católicos, orixás, festas, encontros... De tudo isso, qual é o tema que mais te dá prazer trabalhar?
H.C. - Roça.

C.A. - Roça?!! Poxa, mas eu nunca vi um quadro teu de roça... 
H.C. - É que eles saem rapidinho! rs...

C.A. - Ai, e eu amo muito esses temas interioranos...
H.C. - Eu nunca morei na roça. Nunca morei "aqui-agora", mas devo ter morado de alguma outra forma, rs, porque eu AMO fazer o interior, sabe? Não é nem a cidade do Rio de Janeiro... Eu faço Rio de Janeiro porque eu acho um abuso eu ser daqui do Rio e não fazer nada do Rio, rsrs...

C.A. - Ah-é! Vai morar numa "cidade-cartão-postal" e não vai retratá-la!? Rs... E, vem cá, já teve quadro que vc precisou modificar por conta de exigência de algum cliente?
H.C. - Ah, já! Teve um que eu estava fazendo com o Cristo Redentor de costas para quem vê o quadro, né, porque ele estava virado para a Baía de Guanabara que estava ao fundo da cena e uma amiga minha quando viu achou lindo e quis comprar, mas ela pediu pra eu virar o Cristo de frente! rs... E já teve quadro meu com igrejas (e em cima de igreja tem cruz, né?), mas já tive que tirar a cruz porque os interessados eram judeus, aí, no lugar da cruz já botei cata-vento, pássaro... rsrs...

C.A. - Releituras criativas! Adorei a ideia do cata-vento! rs... Helena, querida, com essa bagagem tão rica de experiências e com tantas histórias que vc já vivenciou e tem para contar, vc teria uma dica para dar àqueles que estão começando agora no caminho da arte?
H.C. - Bom, em primeiro lugar, nunca depender só da arte no começo, para que vc não se prostitua, para que vc não fique se copiando, copiando os outros e, nisso, perdendo a sua essência, né? Que é muito difícil no nosso país, mas existem casos que a gente sabe... Mas que a pessoa que está começando não seja tão vaidosa a ponto de achar que pode porque aí é grande o risco de entrar pelo cano, né? E trabalhar muito. Tem que trabalhar muito, muito, se dedicar. Trabalhar, trabalhar, trabalhar, sempre. Até a mente ir abrindo campo pra te trazer novos temas. E andar sempre com uma cadernetinha pra ir anotando as ideias. Agora eu já não faço tanto, mas antigamente eu anotava: palavras, frases, tipo da pessoa... Alguma hora aquilo iria servir! rs...

Coisicas Artesanais - Entrevista com Helena Coelho
Helena Coelho em seu ateliê, no dia em que me recebeu pruma deliciosa prosa!

Helena, querida, obrigada por conceder essa entrevista aqui para o Coisicas Artesanais, obrigada por nos mostrar o primeiro dos teus desenhos (e que veio desencadear tantas outras histórias!)... Obrigada pelas dicas preciosas para quem está começando e muito, muito obrigada pela generosidade e carinho com que me recebeu em tua casa. (Gente, a vontade era de não ir embora e continuar por lá ouvindo as histórias maravilhosas da Helena!). Querida, agradecida demais por partilhar conosco um pouquinho da tua experiência e da tua história! Teu trabalho é encantador, mas quando a gente proseia uns minutinhos contigo, a gente vê que o encanto que existe nos teus quadros vem da pessoa incrível que você é! Grata demais! Lindas inspirações sempre pra ti! ♥

E se você ainda não leu o post que fiz aqui no Coisicas sobre o trabalho da Helena, dá uma olhadinha  aqui, ó!
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13 de outubro de 2016

Helena Coelho - histórias sobre tela


Quando criei este blog, em novembro do ano passado, eu anotei um monte de ideias e fiz uma listinha com artistas cujo trabalho eu gostaria de mostrar aqui no Coisicas Artesanais. Helena Coelho estava presente já naquele, digamos, esboço de "roteiro". Mas... me dava uma baita insegurança só a ideia de falar sobre pintura (inclusive a naif) porque me faltariam termos técnicos e conhecimento mais aprofundado sobre o assunto.

Se bem que... é bem verdade que eu, de fato, não tenho embasamento técnico para tratar de nenhum "caso" que tenha sido abordado por aqui. Tudo que escrevo, nesse sentido, vem do coração. É sentimento, inspiração. Me chega "assim"... meio intuído, meio naif... ;)

Conheci Helena antes de conhecer o trabalho da artista plástica Helena Coelho. Nos esbarramos nesse mundinho pequeno que é o Rio de Janeiro... Aliás, sobre isso, uma amiga minha da época da faculdade costumava dizer que "o Rio de Janeiro é uma província" ou, quando estava com o espírito mais brincalhão, dizia que "o Rio de Janeiro é uma novela de Manoel Carlos"! Isso porque, segundo ela, aqui no Rio, todo mundo conhece todo mundo ou, se ainda não conhece, os amigos conhecem algum amigo do amigo e todos vão se esbarrar em alguma esquina, botequim, calçadão ou bloco de rua em cena que irá ao ar capítulo mais cedo ou capítulo mais tarde...

E para não escapar ao script prenunciado... conheci a Helena num... bloco de pandeiros! (Perdoem-me se parece clichê demasiado novelesco, mas é a mais pura verdade!)... Quando entrei naquele bloco, fui posicionada justo ao seu lado nos ensaios e ela sempre me passava uma coisa muito boa de acolhimento. Eu estava "catando cavaco", digo, tocando pandeiro ao lado de uma artista plástica e não sabia!

Também... A vida é assim, né? Quem é que sabe quem é aquela pessoa na tua frente na fila do supermercado? Ou ainda aquela dona que se senta ao teu lado no ônibus? (Ah, sim, o espectador de uma novela do Manoel Carlos certamente há de saber! Ainda mais em se tratando de Helena, a protagonista daquelas histórias - e deste post!)...

Quando conheci Helena Coelho naquele bloco de pandeiros era o ano de 2010. Helena era já uma artista que gozava de grande reconhecimento no meio, com obras no Museu Internacional de Arte Naif, no Rio de Janeiro, e também fora do Brasil. E ela, como tantos outros artistas que "apresentei" aqui no Coisicas, encontrou seu canal de expressão através da arte já na fase adulta, depois de anos de emprego formal, "carteira assinada e sapato fazendo calo"... Mas isso é uma história que a própria Helena virá aqui nos contar, numa prosa mais pra frente - portanto, não percam as cenas dos próximos capítulos... ;)

Havia alguns anos que não encontrava Helena... E, por ocasião deste contato aqui para o Coisicas, eu pude estar com ela novamente e ver quadros seus que ainda não conhecia, bem como rever outros... Vi tantos quadros... E tão belos!!

(Ali, vendo e revendo seus quadros, eu tive uma lembrança... Diante de algumas paisagens bucólicas suas, que retratavam casinhas e bananeiras, eu acabei lembrando de uma obra de Tarsila do Amaral, cuja reprodução meus pais tinham na copa da casa onde passei minha infância: "A feira". E lembrei que Tarsila, junto a seus companheiros modernistas, buscou revalorar toda uma expressividade popular - segundo eles, a essência prima e verdadeira da identidade de uma nação. Imagine a força, o apelo que um postulado como esse exercia na elite acadêmica de um país tão jovem como o Brasil! Aqueles modernistas, então, voltaram seus olhares para o "fazer popular", se inspiraram, beberam da fonte e tomaram emprestados traços, temas, cores, linguagens e sonoridades (sim, também na música o movimento se manifestou) antes renegados à condição de "coisa menor"... Foi quando o "fazer popular" ganhou status de Arte e o termo naif (e o que ele passava a representar nas artes plásticas então) ganhou notoriedade na França e no mundo...) 

Os quadros de Helena Coelho são de uma pureza e de uma doçura encantadoramente naif! Doçura, pureza e uma deliciosa dose de sapequice - que parece refletir a própria alma da artista... Carregados de ricos detalhes, seus quadros parecem querer nos contar uma história (ou histórias). Aliás, eles são histórias! Têm personagens, contextos, paisagens... Podem narrar uma tarde de primavera sob um caramanchão florido no quintal da casa dos sonhos da tia, ou uma senhorinha recebendo o namorado em sua casa cuidadosamente arrumada para tão especial ocasião - e ambos sendo espiados por crianças curiosas na janela, ou, ainda, a reunião animada pr'uma feijoada regada a chorinho, com o "seu fulano do cavaquinho" chegando no portão para se juntar ao regabofe! 

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
Feijoada com chorinho - Helena Coelho - Óleo sobre tela

Helena é dona de um espírito grande, livre, irrequieto... Traz consigo certa "sapequice" que se revela em seus quadros com toques de humor e graça. E, também por isso (ou reflexo disso), é inegável que ela demonstra ter um olhar aguçadíssimo sobre "as realidades" que se apresentam a ela. Helena é extremamente perspicaz e habilidosa observadora. Ela enxerga o que não se mostra, mas está ali. Ela vê para muito além do que é visível aos olhos, ela alcança "a alma" das pessoas, das coisas e das histórias que pretende revelar em suas telas. Ela, com esse olhar que a licença naif lhe concede, contacta "o coração" em si da coisa toda e o transfere para a tela, trazendo elementos, informações, detalhes ali inseridos e justapostos como que despretensiosamente - só que não... Assim, mais que cenas de um cotidiano (tão comuns numa abordagem naif), Helena cria enredos. E é por isso que apreciar um quadro seu é como deixar que ela nos conte deliciosas histórias! Porque Helena aplica mais que tinta, aplica histórias sobre a tela...

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
Caminhos do interior - Helena Coelho - Óleo sobre tela

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
A procissão da santa - Helena Coelho - Óleo sobre tela


Conheça mais do trabalho de Helena Coelho e deixe-se envolver pelas histórias que ela vem nos contar!



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Leia aqui a entrevista que Helena Coelho concedeu ao Coisicas Artesanais!  
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29 de janeiro de 2016

Olavo Campos - arte naif de alegrar os olhos! (e uma breve entrevista)


O seu Olavo é um senhor encantador! Para além do artista ganhador de inúmeros prêmios (dos quais ele fala com alegria) e para além dos quadros belíssimos que ele pinta (e que eu tive a oportunidade de conhecer - adivinha onde? Sim... no Revelando São Paulo!), o seu Olavo é uma figura super simpática, dono de uma boa prosa e se revela um cara muito lúcido, que "manda a real" com naturalidade e sem medo de ser franco. Sua experiência de vida deve lhe ter dado essa virtude...

Seus quadros reúnem cores e formas lindíssimas, transmitindo uma sensação inevitável de alegria! Seu Olavo mescla pontinhos, bandeirinhas, florezinhas e rendas que servem como pano de fundo para os temas populares que ele desenvolve sobre material reciclado - pedaços de madeira, palets, compensados...

Festejos, casamentos, igrejinhas e praças cercadas de gente, carnavais, folias de reis, pavões e galinhas, além de santos da tradição católica que gozam de grande simpatia entre muitos brasileiros estão entre seus temas, na grande maioria das vezes, retratados sob as nuances delicadas e graciosas de uma abordagem naif. 

Coisicas Artesanais - Dois belos quadros de Olavo Campos
Dois quadros de Olavo Campos: Folia de Reis e "Cidinha" (como ele se refere à padroeira do Brasil)
Fotos: Simone dos Santos

Entre folias e Franciscos, entre pracinhas e Beneditos, entre igrejinhas e Aparecidas, o artista plástico Olavo Campos foi super gentil em conceder ao Coisicas... essa entrevista no Revelando São Paulo ocorrido em Atibaia, em janeiro de 2016

Coisicas Artesanais - Seu Olavo, onde o senhor nasceu e em qual data?
Olavo Campos - Nasci na cidade de Tietê, em 26/10/1934.

C.A. - Na infância, quais eram suas brincadeiras preferidas?
O.C. Era pega-pega, esconde-esconde, pula-sela... Bolinha de gude, bocha, pião... Essas brincadeiras assim... (risos)... Festa religiosa a gente também participava.

C.A. - E nessa época o senhor sonhava em ser o quê quando crescesse?
O.C. - Eu nem sei, viu? (risos) Eu não tinha noção do que eu queria... Eu só fui ter realmente noção depois dos 23, 24 anos... Que antes eu morava com pai, com a mãe, era mais escola, nadar no rio, roubar banana do vizinho (risos) e assim ia, viu? Não tinha muita pretensão. As coisas aconteceram naturalmente...

C.A. - E como foi que o senhor encontrou a arte?
O.C. - A arte eu comecei com 7 anos... Eu tinha um primo que era pintor, famoso, e ele me deu algumas dicas, me deu algumas telas, tintas... Que dinheiro pra isso não tinha não, viu? Sabe que é até gozado eu conversar isso aqui... Eu pegava pano de prato da minha mãe, pegava anil, pegava flor amarela, mato... pra fazer tela, pra pintar...

C.A. - Então..., tão novinho, com 7 anos de idade, o senhor já pintava!...
O.C. - Ai, eu enganava, né? Não pintava muito não... (risos)

C.A. - Ok... (risos) Então a gente pode dizer que, desde cedinho, o senhor já sabia que gostava de pintar, né?... E em qual momento da sua vida o senhor entendeu que isso poderia se tornar o seu trabalho, o seu caminho?
O.C. - Isso começou depois de 11 anos de banco... Eu trabalhava num banco. Um belo dia eu saí de férias e fui pra Caruaru, fui lá passear, levei umas peças minhas pra vender... Depois... Eu vou te dizer... Eu percebi: não quero mais trabalhar no banco! Pedi pra eles me mandarem embora, eles me mandaram... E tinha um amigo que trabalhava no banco que era primo de uma senhora ceramista do Embu* e daí ela me convidou pra vir pra Embu, e foi lá que eu comecei. Aprendi muita coisa e daí comecei.

*(Embu das Artes, cidade vizinha a São Paulo que abriga centenas de artesãos que lá vivem e/ou expõem seus trabalhos, assim como o senhor Olavo, que mora lá até hoje)

C.A. - Os primeiros trabalhos do senhor já tinham essa característica naif ? Ou o senhor foi desenvolvendo isso com o tempo?
O.C. - Não, eu nem sabia o que eu estava pintando... Eu pintava miscelânea, eu pintava qualquer coisa... flor, paisagem, montanha... Não tinha... Eu não sabia nada, a verdade é essa. Daí, com o tempo que eu estava em Embu, mais pra frente um pouquinho, a gente começa a ter outra perspectiva, daí eu comecei a ver pintura naif, e as pessoas vão te dando palpites: "faz isso, faz aquilo, tá faltando isso, tá faltando aquilo" e daí você vai pegando jeito pra coisa... Porque ninguém faz nada sozinho... Não é verdade?

C.A. - É verdade, seu Olavo, ninguém faz nada sozinho. Me parece, então, que o senhor estava no lugar certo e na hora certa! E cercado das pessoas certas (!) que te ajudaram a compreender melhor e a construir seu caminho na arte, né? É certo dizer, então, que foi desse modo que o senhor foi encontrando a sua identidade artística dentro da linguagem naif ?
O.C. - Sim, de certo modo sim, mas... Pra ser realista mesmo? Você tem que fazer aquilo que te dá dinheiro. E o que dá dinheiro é isso: o que as pessoas gostam. Eu não faço só naif, faço  também geométrico, faço acadêmico, faço outras coisas... Quando eu estava começando, na verdade, eu não pensava nem em vender. Fazia por fazer, porque eu gostava, que eu já tinha de onde tirar o meu sustento: eu trabalhava no banco, entende? 

C.A. - Seu Olavo, o senhor tem um olhar muito prático sobre esse tema, né? Com tanta clareza e tanta experiência, o que o senhor poderia dizer pr'aquelas pessoas que estão sonhando em trilhar o caminho da arte? Que dica o senhor daria pra quem está começando agora?
O.C. - Olha, como qualquer tipo de trabalho, pintura é uma prática. Se você tem um sonho na vida, gosta daquilo, não desista, não pense no dinheiro, pense no que você gosta, o dinheiro vem automaticamente.

C.A. - É consequência, né?
O.C. - É. Isso aí! (risos) 

Falou e disse, seu Olavo! 

Coisicas Artesanais - Olavo Campos no Revelando São Paulo - Atibaia - Janeiro/2016
Seu Olavo entre seus belíssimos quadros expostos no Revelando São Paulo, em janeiro de 2016, em Atibaia.
Foto: Simone dos Santos

De volta ao Rio, depois de transcrever essa entrevista, eu fiquei intrigada com uma coisa... Olavo Campos assina seus quadros como Camps. Já tinha reparado (afinal - e inclusive! - tenho um quadro dele há alguns anos aqui em casa!) mas nunca tinha parado para pensar a respeito... Haveria alguma razão para isso? A curiosidade não me deixou concluir a postagem sem antes tirar isso a limpo. Passei a mão no telefone e liguei pro seu Olavo.

C.A. - Mas-hein, seu Olavo, porque o senhor assina Camps? Tem alguma razão?
O.C. - Sim, sim. É porque meu nome é Olavo Campos... e Campos é muito comum!

Ah, tá! Agora está explicado! (E eu "pirando", pensando em mil explicações de teor numerológico, xamânico ou de superstição...)

Muito agradecida, seu Olavo, por compartilhar aqui no Coisicas... um pouquinho da tua história e do teu carisma! Estou muito feliz por isso! :)

Quem quiser conhecer um pouco mais do lindo trabalho do seu Olavo, é só acessar aqui e aqui! E quem tiver vontade de conhecê-lo pessoalmente, ele está aos domingos e feriados na famosa feira de arte e artesanato de Embu das Artes

E se você gostou dessa entrevista, aguarde... Em breve outros artistas virão ter um dedin' de prosa conosco, aqui no Coisicas Artesanais!


Coisicas Artesanais - Entrevista com Olavo Campos
Festa no arraial - óleo sobre lambri - Olavo Campos
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