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4 de dezembro de 2016

Coisicas Artesanais - Oh, Minas Gerais!


Hoje, dia 4 de dezembro, é dia de Santa Bárbara, por alguns considerada a padroeira dos mineiros. 

Entenda-se aqui por mineiro o trabalhador das minas (que por longos anos no nosso Brasil foram homens e crianças escravizados e forçados, em condições insalubres e perigosas, à busca de metais preciosos), e também, hoje, por extensão, aquelas pessoas nascidas no Estado de Minas Gerais (que não à toa tem este nome). 

Para além da minha "devoção" por pombinhos e do meu encantamento por Francisco de Assis (que ora já "dei pinta", ora já "escancarei" neste blog), hoje eu venho declarar meu não velado carinho (imenso!) por Minas Gerais.

Há muito tempo queria fazer esta pecinha e sempre deixava para depois! Esta semana eu a concluí e hoje venho apresentá-la. Simplezinha, singelinha, sem muito pra dizer... Só o essencial.


Coisicas Artesanais - Oh, Minas Gerais! - Simone dos Santos
"LIBERTAS QUAE SERA TAMEN" - Foto: Simone dos Santos


Coisicas Artesanais - Oh, Minas Gerais! - Simone dos Santos
Detalhe - Foto: Simone dos Santos

Descrição e medidas: placa de madeira em corte triangular nas dimensões 14,3 cm (base do triângulo), 10 cm (altura) e 2,1 cm (espessura), com 4 cm de profundidade (considerando o pombinho). Pintado em vermelho, numa alusão à bandeira mineira, com aplicação de pombinho e flor de madeira e acabamento encerado. 

Valor da peça: R$ 25,00 + frete.

Para obter mais informações sobre compra, frete e condições de envio, escreva para: coisicas.artesanais@gmail.com

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Aproveito para replicar aqui uma canção belíssima de Celso Adolfo, compositor e cantor mineiro, que tão bem traduz esse sentimento (indizível) de mineiridade...

 

Serrano (Celso Adolfo)

Serrano pé de serra,
mundano dessa terra
mistério é meu tesouro,
minério que é de ouro é de Minas Gerais

Frango, arroz, feijão, torresmo de leitão
a tropa e o tropeiro é o mesmo coração
folhagem de imbaúba, tiziu no alçapão
tropeiro avança a história pro mar e pro sertão

Pedra mó que mói, a dor sabe o que dói
quem fica vê quem sai, saudade vê quem vai
O mundo é deste jeito, mei' pouco, mei' demais
ninguém sabe o sujeito das coisas desiguais

Pedra que lascou não tem mais volta não
lá vai o meu torrão, de mão em mão em mão
serrano pé de serra, nascido nessa terra
mineiro cheio de ouro, mistério é meu tesouro

sou de Minas Gerais.

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22 de janeiro de 2016

Renato Magalhães - Mandalas rendadas do barro do chão


Conheci o trabalho do Renato uns 3 ou 4 anos atrás, passeando pela incrível (e gigantesca!) feira da Afonso Pena, em BH. Quem conhece a feira sabe o quanto é difícil passear por ela, seja porque ela tem "zilhares" de barracas (e você vai querer parar em quase todas para dar uma "bisoiada"), seja porque ela está sempre cheia de outras muitas pessoas que vão lá fazer o mesmo que você, seja porque as barraquinhas são muito juntinhas e o espaço é pouco para tanta gente, seja porque a feira funciona só pela manhã (praticamente)... Ou ainda por todos esses fatores acontecendo ao mesmo tempo e no mesmo lugar! Fato é que passear pela feira e garimpar as coisas maxi-bacanas que ela oferece acaba tendo um certo ar de gincana! (Deliciosa, diga-se de passagem!).

E imagina que foi num ambiente desses que meus olhos vislumbraram de longe, num reduzido campo de visão (entrecortado por pessoas, barracas, mais barracas, pessoas e mais pessoas...), algo que me chamou a atenção. Era possível ver "pedaços" de uma obra que parecia cerâmica, parecia renda, parecia tão bonito... Isso com pessoas passando na frente e outros  2 corredores de barraquinhas que eu teria de transpor para chegar mais perto... 

Pelas cores terrosas (que eu amo) e pelos desenhos que, de longe, meus olhos não conseguiam decifrar direito, eu fui seduzida, atraída feito ímã a chegar mais perto para ver do que se tratava... Que peças mais ricas! Pequenas, singelas mas de uma beleza indescritível! Cheias de informação, de texturas, de figuras e desenhos de uma minúcia barroca! E de um esmero, de uma delicadeza... que faziam uma peça de cerâmica mais parecer uma renda macia ao toque! Meu queixo caiu diante de tanto primor! 

O Renato é daqueles artistas que fazem um trabalho único, em nada parecido com nenhuma outra coisa que se vê por aí! E ele une dois elementos que, para mim, são de um valor, mais que estético, cultural/transcendental riquíssimo: a argila (com seus lindos tons naturais e a sua intrínseca referência à terra, ao chão que nos abriga e nos dá de comer...), e os desenhos primorosos que, justapostos e entrelaçados cuidadosamente, lembram o tramado das mais belas rendas que vêm sendo feitas há séculos por nossas tias e nossas avós mais remotas! 

Coisicas Artesanais - Renato Magalhães e suas "rendas do chão"
Cada pequeno desenho, cada "sulco", cada relevo ou depressão, cada espaço para luz e sombra que o Renato imprime em suas mandalas, ele o faz com pequenas ferramentas criadas por ele próprio. Um trabalho minucioso, de dedicação e paciência extremas!


Renato Magalhães cria mandalinhas de diversos tamanhos, desde umas bem "pequeticas" (um pouco maiores que uma moeda de 1 real - e que são vendidas como cordão), até umas maiores (de 6 ou 12 cm de diâmetro) para pendurar em paredes...  E o mais bacana, além de tudo, além da beleza ímpar e da riqueza visual das suas peças, é que elas também podem ser usadas como aromatizantes pessoais (pois preservam a porosidade da cerâmica por se tratar de peças não esmaltadas, o que as torna indicadas para aromaterapia com óleos essenciais... - e quem conhece o poder terapêutico desses óleos, sabe que isso não é pouca coisa!). Essas como a da foto acima, além de poderem ser pregadas na parede, têm também um furinho que as transpassa e permite que sejam usadas ainda como um delicado incensário sobre uma cômoda ou outro móvel qualquer...

 
Coisicas Artesanais - Renato Magalhães: rendas de chão
Os colares do Renato: pra levar no peito delicadas mandalas e cheirinhos de aconchego ...

Naquela primeira ocasião em que me deparei com esse trabalho lindo do Renato, eu comprei 6 colarezinhos e mais duas mandalinhas de 6 cm. Acabei dando tudo de presente! Fiquei só com um cordão para mim. Depois fui lembrando de outras amigas que eu queria presentear e, estando de novo em BH, voltei à feira para comprar mais cordões. Já presenteei amigas de longa data, amigas de "pouca data", sogra, professoras, colegas, conhecidas... E até "desconhecidas"! Uma vez, eu tinha acabado de comprar vários cordõezinhos com o Renato e fui direto pro teatro (era uma sessão "matinê", para crianças) mas a peça (de uma companhia de bonequeiros muito famosa em Minas) já estava com a lotação esgotada! Fiquei triste demais da conta... e uma mocinha da produção (uma fofa!), vendo o meu desapontamento, me cedeu uma entrada "mágica" (e ainda por cima gratuita), me colocou lá dentro para assistir! Me senti tão agradecida pelo seu gesto que queria retribuir de algum modo. Não pensei duas vezes: catei na minha bolsa um colarzinho do Renato (dos, acho que 10, que eu havia acabado de comprar naquela ocasião) e dei pra ela, em agradecimento. Ela ficou tão feliz, mas tão feliz com o colarzinho, que a sua reação de surpresa e alegria me encheu de alegria também!...

Nessa brincadeira aí já foram umas 4 ocasiões de eu chegar lá na feira e quase que esvaziar a barraquinha do Renato - que, aliás, produz poucas peças, já que a sua relação com essa arte é fazer dela a sua pura, grande e verdadeira terapia, a sua fonte de cura, de bem-estar e prazer... Impossibilitado de manter seu emprego formal, por conta de um problema de saúde que ataca seus ossos e causa muitas dores por todo corpo, o Renato encontrou nessa arte delicada uma forma de vencer a dor, fazendo-se mais forte que ela...

Ali, naquela feira, eu tive a oportunidade de conhecer uma criatura iluminada! Porque o Renato Magalhães tem um espírito transformador, é um homem obstinado que transmuta dor em arte e transforma a terra, pura e simples, em lindos trabalhos rendados... O Renato é um artista delicado, que consegue a proeza de criar, com suas mãos, lindas rendas de chão...

Coisicas Artesanais - Renato Magalhães: rendas de chão

Coisicas Artesanais - Renato Magalhães: rendas de chão
   
Coisicas Artesanais - Renato Magalhães

Leia aqui a entrevista que Renato Magalhães concedeu ao Coisicas Artesanais!

E veja ao final deste post aqui algumas dicas sobre óleos essenciais ;)
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Coisicas Artesanais - Oh, Minas Gerais!
  

10 de dezembro de 2015

Coisicas Artesanais - Mais um Divino


Alguns aqui poderão passar a se perguntar: "mas por que é que este blog se chama Coisicas Artesanais?"... Sim, eu compreendo... Afinal, ele poderia perfeitamente se chamar: "louca por Divinos" (com todo o respeito)... Divinos serão temas recorrentes por aqui!

Dito isto, venho apresentar mais um Divininho que fiz. Este, inspirado no artesanato doce e rústico de Bichinho - na verdade, Vitoriano Veloso, um distrito de Prados que fica praticamente numa beiradinha de Tiradentes - pertín qui!

 
coisicasartesanais.blogspot.com.br
R$ 60,00 + frete

Técnicas e material: pátina de demolição, envelhecimento com betume e carimbos aplicados em quadro de madeira de demolição com tampo de mdf, coração de mdf e pombo de madeira. Acabamento com cera.

Medidas: 24,5 cm x 19,5 cm, com aproximadamente 4 cm de profundidade (considerando a "barriguinha" do pombinho desde o tampo do quadro).

Quem tiver interesse na peça, basta entrar em contato através do e.mail coisicas.artesanais@gmail.com para tirar dúvidas sobre frete e forma de pagamento.
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22 de novembro de 2015

Rodrigo Diniz - obras carregadas de singeleza e humanidade.


Vi o trabalho do Rodrigo Diniz pela primeira vez numa loja de artesanato brasileiro dentro de um aeroporto no Rio de Janeiro. Na ocasião, fiquei encantada com um pequeno Santo Antônio de cerâmica na primeira prateleira, praticamente junto ao chão, carregado de um simbolismo muito diferente das comuns representações de Antônio na iconografia tradicional católica (aquela com o santo de pé trazendo o menino Jesus nos braços). Aquele Antônio encontrava-se agachado, de joelhos, para ficar da altura do menino Jesus (este sim, de pé) e trazia na mão direita o tradicional ramalhete de lírios, repousando a mão esquerda sobre o ombro direito do Menino, num quase-abraço misto de ternura e reverência.

Aquela peça me tocou profundamente. Ela me trazia uma mensagem arrebatadora de humildade: não era Jesus que estava no colo do santo, sendo por ele amparado. Era o santo que se ajoelhava de encontro ao Menino!

Quanta coisa pode trazer, incutida em si, uma obra! Coisas que, nela, não necessariamente são intencionais mas que estão ali presentes para ir de encontro ao que cada um de nós carrega dentro de si: memórias, histórias ouvidas, uma pessoa querida...

Aquela postura daquele Antônio me fez lembrar um costume indígena que eu ouvi da boca de uma antiga amiga, amante e pesquisadora de músicas e culturas... Ela contou certa vez que, entre os índios de algumas etnias, os adultos sempre se ajoelham diante de um curumim quando devem lhe dizer algo e que a intenção desse gesto é fazer-se "pequeno", do tamanho da criança, para que esta receba o ensinamento (conselho ou reprimenda) de alguém que a está olhando nos olhos, de igual para igual, nunca de cima para baixo... Quanto respeito e amor, quanto ensinamento num gesto tão simples! Aquele Antônio me trouxe esta e outras reflexões...

Duas coisas me agradam em cheio nesse Antoninho do Rodrigo Diniz. E têm a ver com um certo aspecto de algumas representações populares que fogem das imagens-padrão de santos que conhecemos. A primeira coisa é mais imediata: é esse gostinho bom do inusitado, do que te surpreende e quebra a tua expectativa - e quebra junto o "molde" que serve/serviu para identificar e "enformar" Antônios, Joões, Beneditos ou Conceições...

A outra coisa que me agrada é que justamente essa ruptura do padrão iconográfico vem trazer "vida" para este Antônio (ou para o João, para o Benedito e para a Conceição que povoam o meu ou o teu imaginário). Quando um artista tira um santo do pedestal, da cruz, da posição de "pose para foto" (ou seja lá de qual outro "lugar" ou "forma" que lhe tenha sido "consagrado" ao longo de séculos de história) e o representa numa cena cotidiana, num ato comum, num momento inusitado, este artista está emprestando humanidade e vida àquela figura e, consequentemente, a está aproximando das nossas vidas.

É inegável que este doce Antônio está carregado de vida! Porque ele tem um gesto próprio, só seu. Porque ele saiu do molde onde costumam se encaixar outros Antônios e foi se ajoelhar diante do Menino-Deus... pelas mãos de Rodrigo Diniz...

coisicasartesanais.blogspot.com.br
Santo Antônio do Diniz

Não comprei a belíssima peça naquela ocasião. Além de eu estar saindo do Rio em viagem (não seria prático, portanto, comprá-la naquele momento), quem já andou lendo postagens minhas por aqui sabe que eu tenho a adorável, venturosa e viciante mania de gostar de comprar uma peça diretamente das mãos de quem a fez (sempre que possível e quando a peça é dessas que me causam tanto impacto). Não foi diferente com a peça do Diniz.

No Santo Antônio exposto na loja havia uma etiqueta com as informações de procedência e autoria da peça, então eu não precisei pelejar muito, fazer promessa nem "simpatia" para encontrar o artista. (Não entendeu? Então, depois, dá uma olhadinha nessa história
aqui!). A etiqueta dizia pouco: "Diniz - MG". Foi o suficiente. Busquei na internet e finalmente encontrei o Rodrigo Diniz! Fiz o contato, encomendei meu Antoninho e fui buscar diretamente com ele, numa ocasião em que estive em Belo Horizonte.

Além desses Antônios cheios de ternura diante do Menino, Rodrigo faz também muitas outras figuras sacras. Nossa Senhora da Conceição, das Graças, Desatadora, Aparecida, Santa Terezinha, Santa Rita, São Judas Tadeu, São José, presépios, enfim... É santo pra atender a todo tipo de devoção! Mas ele próprio admite: seu "carro-chefe" são mesmo os Francisquinhos - lindíssimos, aliás, e que, como aquele Antoninho, saíram da forma e foram passear pelas situações mais pitorescas e humanizadoras, sentados em burricos, dando de beber a vaquinhas, brincando no balanço com passarinhos (!)... É cada uma peça mais linda e encantadora que a outra!

Rodrigo Diniz é um moço calminho e que passa uma pacatice boa no seu jeito de ser. Gostei muito de poder conhecê-lo pessoalmente, ainda que muito rapidamente num encontro marcado no Mercado Central de BH... Trata-se, sem dúvida alguma, de um artista de grandíssima sensibilidade e cujas mãos têm um dom para além do artístico: elas dão liberdade e conferem vida a suas peças, impregnadas de traços doces e gentis de humanidade! 

Encante-se com o trabalho do Diniz aqui!

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Leia aqui a entrevista que o Rodrigo Diniz concedeu ao Coisicas Artesanais!
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