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31 de janeiro de 2022

Vaso adaptado para orquídeas


Eu estava me perguntando: qual o sentido de fazer um post desse num blog que nasceu pra falar de artesanato? (mas que também já derivou, é bem verdade, pra contar histórias, mostrar músicas e até compartilhar receitas!!)... 

Hummm... Pensando bem, visto esse histórico, acho que tudo bem falar de plantinhas, né? ;)


Sempre amei o verde... montanha, natureza, flor, passarinho... Cresci numa casa rodeada de plantas e vendo minha mãe regá-las todas, sempre com grande prazer estampado no rosto! Naquela casa sem quintal, mas ladeada por um extenso corredor, um buraco de ralo em desuso virava um mini canteiro pra um frondoso hibisco florir; flores-de-maio de todas as cores pendiam de parapeitos e paredes, embelezando nossos outonos e comecinhos da primavera; de quando em quando, um mini abacaxi se manifestava, majestoso, por entre a folhagem rústica e arisca num vasinho sobre a mureta da varanda... Era um desbunde!

Quando "adultesci" e passei a ter minhas próprias plantinhas no meu apê, eu tive um choque de realidade. Ter plantas belas e bem cuidadas em casa não era tão simples como parecia e, muito diferente do sucesso de mamis com a "verdaiada" naquela casa onde passei a infância, eu não tinha a menor vocação para cuidar delas e me descobri uma "assassina" de plantinhas! Foram muitas tentativas frustradas, em épocas variadas da fase adulta, e muitas plantinhas "assassinadas"... 

Em 2019 (o ano em que a preguiça quase me doeu), disposta a mudar isso de uma vez por todas, eu futuquei-futuquei na internet e descobri o canal "Minhas Plantas", da Carol Costa, uma fofa. Apaixonei. Como sou mais de ter um livro por ler do que mil vídeos por assistir, comprei o livro da Carol e isso mudou a minha relação com a jardinagem amadora. E mudou também o destino das plantinhas aqui de casa (que passaram a sobreviver aos meus cuidados!) e eu pude, finalmente, fazer as pazes com a pá, com a terra, com as minhocas... (Bem... com as minhocas, nem tanto).

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
O livro que mudou a vida das minhas plantinhas! ;)

Entendi que eu cometia um erro gravíssimo na base do processo, negligenciando um princípio muito importante: devemos tentar simular o ambiente natural onde crescem as plantinhas que queremos ter conosco, para poder oferecê-las a melhor adaptação possível! Pra começo de conversa: na natureza não existem vasos! É tão óbvio, né? Mas a gente não pensa muito nisso ou não dá (ainda) a importância devida... Plantas são seres vivos (♥) e, assim sendo, têm suas preferências de clima, de solo, de umidade, etc... que devem ser observadas e respeitadas. Fechar os olhos pra isso é como manter um cachorro dentro de um aquário e alimentá-lo com alpiste - e querer que ele fique saudável e pimpão...

Desde que passamos a reproduzir e a "domesticar" plantinhas ao nosso gosto, devemos também estar dispostos a compensar o fato de elas não estarem mais no seu ambiente natural (e sim dentro de um vaso na nossa varanda), e essa compensação só é possível conhecendo as espécies e suas "preferências", pra podermos oferecer as condições que elas precisam para se desenvolver tão bem (ou quase) quanto na Natureza. E isso passa por compreender e aceitar que nem todas gostarão da nossa varanda...

Com essa lição aprendida, teve uma coisa que a Carol falou, num dos seus vídeos sobre orquídeas, que fez estalar um "plim" na minha cabeça! Carol nos lembrou que, na natureza, as orquídeas Phalaenopsis (essa moça das fotos - a mais comum e mais indicada para iniciantes) ficam praticamente de ponta-cabeça, agarradas às árvores - e que isso, aliás, é prova de quão sábia é a Natureza, porque, nessa posição, quando chove, a água não se acumula ali naquele "nozinho" de onde nascem as folhas novas (evitando encharcamento/apodrecimento e/ou surgimento de doenças na planta).

Cuidar para não deixar empoçar água ali é uma das primeiras coisas que nós, iniciantes, aprendemos no trato com as Phalaenopsis. E por que a gente precisa aprender isso?? Ora... porque as orquídeas que encontramos para venda são colocadas "de pé" nos vasos. Essa posição, invertida do que seria o natural para a plantinha, favorece que a água fique acumulada ali e causa ainda outro efeito indesejável: sua haste floral nasce pro lado! E é por isso que elas também são vendidas com guias fincadas no substrato: para prender a haste floral para cima. Ou seja: a bichinha é colocada numa posição invertida da sua posição natural e ainda lhe torcemos a haste para cima. É como se quiséssemos "plantar bananeira" sem deixar que nossas madeixas pendam para baixo com a posição inusitada... Difícil, né?

Pensando nisso, eu decidi dar uma aliviada pra minha "Fafá" (apelido carinhoso para Phalaenopsis - e uma saída foneticamente facilitadora pras nossas vidas) e arrumar um vaso mais adequado pra ela, que andava triiiiste e macambúzia, e que não floria havia tanto tempo, mas tanto tempo que eu nem me lembrava mais!


Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Como na Natureza: com o vaso adaptado, a planta fica em posição mais próxima 
ao que é natural à espécie, evitando que se acumule água no miolinho das folhas, 
e sua haste floral cresce naturalmente para cima, sem necessidade de guia.

Para adaptar o vaso, fiz um corte usando faquinha de serra e estilete. Troquei o substrato da orquídea (como de costume) e a encaixei no corte do vaso com a maior parte das raízes pra dentro e as folhas pra fora do buraco, preenchendo o restante com mais substrato para que ficasse bem firme (fotos abaixo).

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Adaptação e improviso: com uma faquinha de serra e estilete, fiz um corte no vaso para acomodar minha orquídea do modo mais parecido com a posição que ela fica da natureza. Simplicidade e puro amor ♥ ♥ ♥


Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Deixei esfagno de molho em água com bokashi* e depois espremi bastante pra retirar bem o excesso de líquido. *bokashi é uma espécie de "combo" de nutrientes, um "polivitamínico" para plantas. Tem em pó ou líquido e é bem prático de usar.

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Daí vem o "abraço". A gente acomoda um tufo de esfagno "vitaminado" na base das raízes e envolve esse tufo
com algumas raízes e depois envolve essas raízes com mais esfagno. Deixe algumas raízes soltas.

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Forre o fundo do vaso com manta e um pouco de substrato para orquídeas e encaixe sua orquídea passando o "pescoço" pela abertura feita no vaso, deixando o "abraço" de esfagno e raízes para dentro e as folhas para fora do vaso. Algumas raízes vão querer ficar para fora, tomando ar: deixe que fiquem ;) Complete o vaso com mais substrato e aperte com cuidado.
Obs.: com o esfagno, proteja a planta do contato direto com o corte do vaso, para evitar machucá-la! ;)

Pra que não ficasse muito frouxo o "arranjo" (porque orquídeas precisam se agarrar e sentir que estão bem firmes para conseguirem se desenvolver melhor), eu envolvi a boca do vaso com um arame, dei voltas e apertei bem, juntando mais as bordas do vaso e, assim, fechando o corte na parte de cima, formando tipo um triângulo. Cuide para que o corte feito no vaso não tenha contato direto com a planta usando mais esfagno ali, evitando assim eventuais machucados ;) 

Com o próprio arame enroscado, eu fiz o ganchinho para prender o vaso na parede. Colei um toquinho de madeira no verso do vaso, para ficar melhor acomodado junto à parede e... pronto! Uma solução simples, caseira e no improviso, pra deixar Fafá mais pimpona e feliz!

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Depois de completar o vaso com  mais substrato para orquídeas, deixando tudo bem apertadinho, ajustei a borda do vaso enroscando arame em volta. Com ajuda de um alicate de ponta redonda, fiz um arremate do próprio arame para formar um ganchinho de pendurar. Por fim, colei um toquinho de madeira para o vaso ficar melhor acomodado na parede.

Em poucas semanas, minha orquídea sofrida e macambúzia mudou de aspecto. De triste que estava, ficou vivaz e muito vistosa! Lançou novas raízes, uma, duas, três! Lançou novas folhinhas, as raízes cresceram que foi uma beleza, até encontrarem a parede - no caso, meu painel de madeira - e se agarraram ali muito bem! Não havia dúvida: Fafá estava se sentindo em casa! rs... (E eu estava radiante de feliz com isso!)

Até que um dia Fafá lançou mais um biquinho, que parecia mais uma raiz, só que meio diferente... Fiquei na dúvida se seria uma haste floral e precisei de alguns dias a mais para me certificar que sim! Era uma haste floral!!! ♥ ♥ ♥ =)

Orquídeas são assim... Depois de caírem as flores, a haste que permanece viva produzirá novas floradas numa próxima temporada e depois de mais essa florada ou mais outra, a haste costuma morrer. Nessa hora tiramos a haste. É natural. Sendo bem cuidada, uma nova haste rebrotará e você terá novas florações. Era essa parte do processo que eu nunca cheguei a ver, de uma nova haste rebrotar, porque minhas orquídeas morriam antes disso! Então eu fiquei muito, muuuuito feliz e radiante quando vi que tinha nova haste e mais ainda quando vi os primeiros botõezinhos e quando, finamente, eles se abriram! ♥

As fotos de Fafá florida são dessa época, de quando tive a ideia de adaptar um vaso, no ano passado. Mas as fotos da troca do substrato são de agora, porque na época que inventei de cortar o vaso, eu não imaginava que ia querer compartilhar essa experiência aqui... Depois que ela floriu, suas flores caíram e eu entrei em obra aqui em casa. No vuco-vuco, deixei de cuidar das minhas plantinhas e Fafá voltou a sofrer, precisei desgarrá-la do painel onde ela tinha de segurado tão feliz e ela magoou, tadinha - acho que por isso sua haste secou depois da floração. Daí, agora, eu refiz todo o processo de troca de substrato pra ela ficar pimpona outra vez e aproveitei pra fazer essas fotos pra poder compartilhar aqui.

Se você tem Phalaenopsis em casa, libera ela de ficar "plantando bananeira com os cabelos presos" pro resto da vida, rs... Tira ela desses vasos convencionais (que são necessários, senão elas se machucariam durante todo o processo de transporte e comercialização) e prepara um vasinho desses pra ela! É simples, fácil, e você estará entregando mais "qualidade de vida" pra sua Fafá, que vai ficar feliz da vida e pimpona, e agradecer com mais floradas!

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Ói ela aí! Fafá, com substrato recém-trocado, livre, leve e liberada de
"plantar bananeira", pronta pra desenvolver uma nova haste floral
e brindar a vida (e alegrar nossos olhos) com novas flores! ♥

* * *


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"A preguiça tinha que doer"


Para onde vai o nosso lixo?






Iogurte caseiro: alimentação saudável pra você e pro Planeta

1 de janeiro de 2020

Reflexão para os dias atuais: pra onde vai nosso lixo?


Todo comecinho de ano é mais ou menos assim: a gente resgata aquela "listinha de metas" elaborada com a maior boa vontade e confiança no fim do ano anterior (em meio a festas e correria),  pra verificar então, passada a euforia, o que é realmente importante, o que dá pra realizar e o que foi pura bravata regada a champagne ou sidra...

(Re)começar a dieta, entrar na natação, se inscrever naquela oficina de fotografia [pura bravata!], visitar a tia querida que mora longe, se alimentar melhor, se cuidar melhor [assim, de modo genérico, é bem fácil], voltar pro yoga, resgatar a espiritualidade...

Há uma infinidade de promessas que fazemos a nós mesmos e que renovamos todos os anos no desejo e na intenção de sermos pessoas melhores, de vivermos melhor e de cuidarmos melhor daquilo que consideramos que não deve ser negligenciado...

E... vamos combinar: o tanto de lixo que geramos e descartamos todos os dias é tema que não mais podemos negligenciar.


Precisamos enxergar nosso lixo e compreender que ele é responsabilidade nossa...


Para as gerações anteriores, lixo costumava ser algo "invisível". Mamãe e papai não o enxergavam muito bem, vovô e vovó tampouco, bisas e "bisos", "tataras", todo mundo que veio antes de nós... Ninguém se importava (e isso nem chegava a ser uma questão) com o destino do lixo, aliás, do seu lixo (muito importante frisar que, sim, lixo tem dono - isso passa despercebido ainda por muita gente)... 

Socialmente (e "hereditariamente"), então, adquirimos o costume de não enxergar nosso lixo e de não nos responsabilizarmos por ele... Assim, por "herança" e força do hábito, eu e você temos feito como as gerações passadas: juntamos todo nosso lixo numa sacola, botamos do lado de fora da casa e esperamos, hoje como sempre, que uma "mágica" aconteça. E, então, todo lixo que acumulamos nos últimos dias (plim!) "desaparece", cômoda e convenientemente. Uma maravilha que só!

Só que não... Todo lixo que "some" das portas de nossas casas, não some, mas se acumula contamina áreas (antes limpas) em cantos quaisquer (invisíveis??) das nossas cidades - os já saturados "lixões".

Tem sido assim, a vida toda foi assim, por força do hábito eu e você continuamos a fazer assim, mas não pode continuar assim.  O meu lixo e o teu lixo, hoje, se tornaram tema digno de entrar nas nossas mais audaciosas e bem intencionadas listinhas de  metas de fim de ano por uma vida melhor.

O bem (ou mau) do mundo se apoia em gestos e decisões individuais, em mim e em você...


Meta pro ano novo: dar um destino menos nocivo ao meu lixo, incluindo o orgânico!


Reciclagem de plástico, vidro, metal, papel e óleo de cozinha não é novidade pra ninguém. Eu já reciclo esses materiais há muitos anos, mesmo antes de a companhia de coleta urbana atender ao meu bairro com o serviço de lixo reciclável. Naquela época, saíamos, marido e eu, feito dois retirantes voltando pra terra natal, com sacolas de pano enormes penduradas nos ombros, carregadas de embalagens, potes, garrafas, vidros, cumbucas, papel, etc, até o supermercado mais próximo que oferecia tal serviço. Depositávamos nossos recicláveis nas caçambas devidas e aproveitávamos pra fazer mercado ali mesmo.

De uns anos pra cá a companhia municipal passou a recolher recicláveis no nosso bairro e as idas àquele mercado ficaram menos frequentes...

Ok... Os materiais recicláveis em minha casa estavam recebendo o destino devido e também já cuidávamos do descarte correto de lâmpadas, pilhas e afins, mas... Me incomodava muito (e cada vez mais) o fato de jogar no lixo cascas de banana, de legumes, de ovos, cascas e caroços de manga, de mamão, ervas de preparo de chá, pó do preparo do café, pão que embolorou, fruta que apodreceu... Porque eu sabia que aquilo ali era matéria orgânica muito rica em nutrientes pra terra... e que, indo parar num aterro sanitário, sem tratamento, misturado a outros materiais, com incidência de sol e calor (e fermentando), aquilo acabaria virando chorume e gás tóxicos... Uma perda duplamente lamentável: a matéria que poderia servir de adubo sendo desperdiçada e, pior, virando veneno que contamina solo e águas...

Quando, no ano passado, eu (re)comecei a me dedicar à jardinagem amadora, eu aprendi um monte de receitinhas de "bombas vitamínicas" para as plantas com o uso desse "lixo" orgânico (dá até dó chamar de lixo, porque é VIDA PURA, gente!), mas a demanda do meu pequeníssimo jardim não dava conta de tanto resíduo orgânico. A ideia de comprar uma pequena composteira, por sua vez, também não cabia no meu padrão e hábitos de vida e eu estava bastante frustrada por isso, porque eu tinha a clara convicção de que não poderia continuar tratando o meu lixo orgânico como sempre tratei... mas não encontrava uma solução... 

Foi então que marido deu a ideia: "Si, pesquisa por compostagem comunitária, alguém já deve ter inventado isso".

E não é que já tinham inventado mesmo!? ;)


O Ciclo Orgânico


Pesquisando sobre compostagem comunitária eu encontrei o Ciclo Orgânico. Idealizado por Lucas Chiabi, o projeto recolhe e transforma em adubo os resíduos orgânicos das casas dos seus inscritos. São oferecidos vários planos de coleta (com os "Baldinhos") dependendo do quanto de resíduo orgânico cada família produz e, portanto, da frequência com que precisa que seu "lixo" seja recolhido. 

Ciclo Orgânico recolhe e trata o nosso "lixo". No processo, todo material recolhido será virado e revirado, misturado a outros resíduos que auxiliam na compostagem, e transformado (com suor, conhecimento técnico e dedicação dos mestres composteiros) em composto orgânico que é distribuído para 3 finalidades. Uma parte é doada para hortas comunitárias na cidade, outra parte é disponibilizada para venda no site do Ciclo e 2kg são ofertados de volta a cada inscrito todo mês e, de quando em quando, você recebe também, junto com o composto, sementes de ervas ou hortaliças - eu já recebi de berinjela e de pimenta biquinho. :) Gente, é muito amor! ♥ ♥ 

Compostagem coletiva - Lucas Chiabi - Ciclo Orgânico
Olha aí o Lucas!


Em agosto do ano passado eu ingressei no "Ciclo" e, desde então, passei a sentir uma satisfação imensa, eu diria que uma alegria mesmo - muito embora possa parecer estranho sentir alegria a respeito de "lixo" (vovó pensaria assim, rs) ou, ainda, sob um enfoque mais moderno, a respeito de um assunto em que temos, enquanto sociedade, tanto a amadurecer ainda (meu sobrinho faria a crítica, rs)... Mas a verdade, não posso negar, é que juntar meu lixo orgânico no baldinho me traz satisfação e alegria sim. E é uma mudança tão simples (tão simples!), e que, no entanto, pode fazer tanta diferença! A diferença, aliás, é demonstrada em números no site do Ciclo

E é aquela velha história, né... A mudança do mundo começa em nós, enquanto indivíduos, cada um fazendo sua parte, o que lhe cabe, do jeito que pode e como dá. O bem (ou o mau) do mundo inteirinho se apoia em gestos e decisões individuais - e isso inclui a mim e a você (e, dentre outras escolhas, ao destino que damos, hoje, ao nosso lixo).

Eu me encantei com a proposta e com o trabalho do Ciclo, com a disposição e comprometimento de toda equipe, com a seriedade e transparência, mas também leveza, com que tratam o assunto. Tudo isso sem falar na importância e necessidade, nos dias de hoje, de um serviço como esse, que nos oferece a "ferramenta" (ou a "solução"!) pra tornar viável a vontade de dar um destino mais limpo, mais saudável, mais sustentável e menos nocivo ao nosso lixo.

Uma proposta tão simples quanto imprescindível: realimentar quem nos tem alimentado por milênios, devolvendo à terra o alimento e riqueza que dela extraímos para viver, retomando e reconduzindo o ciclo natural da VIDA, por nós mesmos, um dia, interrompido...

Quer fazer parte desse ciclo? Conheça melhor a proposta do Ciclo Orgânico, aqui.


Promoção pra cumprir sua mais nova meta de ano novo!!!



O Ciclo Orgânico está oferecendo uma promoção pra te ajudar a cumprir a meta de cuidar bem e dar um final mais limpo ao seu lixo orgânico. Quem se inscrever, até o dia 10/01/2020, nos planos de coleta do Ciclo ganha o Baldinho - sem taxa de inscrição ;)

Nesse período, também os produtos disponibilizados para compra (como composto orgânico e "chorume do bem", dentre outros) serão entregues sem custo de frete!

Confere lá, na Lojinha do Ciclo ;)


Há projetos como esse espalhados pelo Brasil


Se você não mora no Rio de Janeiro, onde o Ciclo Orgânico atua, aqui tem uma lista que eles disponibilizaram com outros projetos como esse Brasil a fora. Veja se algum desses projetos atende a sua localidade e comece já a cuidar do seu lixo orgânico! ;)

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16 de outubro de 2019

"A preguiça tinha que doer"


Cresci ouvindo essa frase da boca de minha mãe, em paráfrase a uma colega sua de trabalho, D. Otília. A vida inteirinha achei engraçada a frase... Talvez pelo tom quase profético como minha mãe a repetisse, carregando de importância axiomática a frase simples; talvez pelo fato de, uma vez "normalizada" (resultado da repetição), ter deixado de me soar estapafúrdia (como de início me soava) para adquirir status de adágio ou de postulado de raciocínio lógico... 

Eureka! A preguiça tinha mesmo que doer. Afinal, doesse a preguiça em nós, no braço ou no dedão do pé, seríamos bem mais dinâmicos e encorajados a refutá-la com firmeza sempre que se avizinhasse, sorrateira - o que equivale a dizer que, se nos doesse a preguiça, não sentiríamos preguiça. Parece lógico...

Mas a preguiça não dói e, não doendo, vamos deixando que vá se chegando, se chegando... (de preferência largados no sofá ou morgados naquela velha poltrona reclinável - que é pra não cansar)...

Este ano de 2019 foi um ano de muita preguiça para mim. 

[Ops! Foi??]

Faço uso do pretérito porque estar no mês de outubro, para mim, é como ver que o relógio está marcando 12:40h. Quando olho o relógio marcando 12:40h, entendo que (minha-nossa!) já são 13h! Pois então, quando vejo que estamos em outubro, entendo que (minha-nossa!) já estamos no fim do ano... 

Ok, essa percepção do tempo é mesmo coisa muito pessoal, mas há um argumento outro com que a maioria vai poder concordar. Basta olhar as gôndolas dos supermercados - cheias já de panetone. Pronto. Ninguém mais duvida. Fim do ano está aí.

Mas, então, 2019 foi um ano de muita preguiça para mim, embora isso não signifique dizer que tenha sido um ano propriamente pacato ou pasmacento. Viagem longa de férias (delícia), seleção para novo projeto no trabalho (ansiedade e euforia), chikungunha ("u-ó", ninguém merece), inserção em nova equipe de trabalho (insegurança), novo trabalho e mais outro (medinho e insegurança), iniciação em jardinagem amadora (reconforto entre flores e minhocas), reorganização dos espaços de casa (bom, mas trabalhoso), novo local de trabalho (delícia), obra em casa (pânico), entre outros acontecimentos de menor impacto emocional (mas não de menor importância) fizeram pipocar de intensidade o meu 2019.

Acho que a preguiça, aqui, se justifica... Com tantos acontecimentos, alguns deles me privando da sensação (confortável a uma taurina) de pacatez e sossego, eu passei a aproveitar cada brecha que surgia pra me aconchegar naquela poltrona, a esperar, quietinha, que a preguiça se acomodasse por perto pr'uma soneca sem culpa...

E, assim, neste ano buliçoso de 2019, acabei me dedicando quase nada ao Coisicas, o que é uma pena, mas, por outro lado, nem chega a ser pena, não... Procurei não me cobrar por isso, fazendo o exercício (nem sempre fácil) de compreender e aceitar que ando merecedora de não fazer nada e que posso me permitir certo ócio, sem nóia, em companhia, sim, da boa, velha e má afamada preguiça. Afinal de contas... não dói nada!


Assim que a preguiça passar, eu volto pelas bandas de cá!

A todos o meu até já! ;)

Simone dos Santos.


Simone dos Santos - A preguiça tinha que doer - Coisicas Artesanais
Momento de sossego na Reserva Natural do Caraça - MG - Janeiro de 2009
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29 de julho de 2018

Sobre "Matrix", cenouras e o novo mito da caverna

(Reflexões ligeiramente ácidas num blog que se quer doce...)

Quando assisti ao filme Matrix, no finalzinho do milênio passado (ou no comecinho desse, já não sei...), achei tudo aquilo incrivelmente viável e compreendi que, metaforicamente, já estávamos vivendo numa espécie de "matrix", branda ainda e que tenderia a se agigantar e deixar de ser metáfora com o passar dos anos, visto que (a meu ver) já havíamos (nós, a Humanidade) startado o seu processo (ao que parece - e para aliviar nossa dor moral) inadvertidamente: um descuido, um esbarrão, uma "apoiada" com o cotovelo esquerdo e... (Putz!!!) START!

Contudo, àquela época, eu acreditava mesmo que levaria muitos anos até que a "coisa" se revelasse insustentável e nos sufocasse e lobotomizasse como naquele filme e que eu, então já velhinha e de costas curvadas pelo peso dos anos, pouco assistiria daquilo e, quiçá também com a mente cansada, tampouco teria interesse intelectual para acompanhar o caso e me importar... Engano meu. Com o passar do tempo o tempo passa mais rápido (isso é fato incontestável entre os mais velhos) e nos alcança os tornozelos... E, então, fui alcançada (em pleno gozo de coluna e juízo sãos) por esse fenômeno que, creio, somos ainda incapazes de decifrar, compreender e nominar ou classificar adequadamente, com clareza e imparcialidade, visto sermos dele contemporâneos e estarmos assistindo apenas ao começo do seu processo, que terá ainda muitos desdobramentos... A tarefa será legada às gerações futuras.

Mas, afinal, de que estou falando? Que coisa é essa que nos agarra pelos pés e, no entanto, não nos faz sentir presos?? (Pelo contrário, nos faz sentir "livres"!)... Que fenômeno é esse que fomenta sentimentos e calores tão intensos quanto passageiros e que coloca discursos nas nossas bocas e nos faz empunhar bandeiras que passamos a defender com súbita paixão? (Até que conheçamos o novo tema mais comentado da semana, que passaremos a reverberar com renovada dedicação...).   

Quem aqui se lembra da repercussão que teve o fato de alunos de uma escola pública haverem recebido cenouras e uma receita de bolo como presente de Páscoa? Em qualquer comunidade saudável, sem danos sociais graves causados por décadas de irresponsabilidade e má gestão da coisa pública e onde os cidadãos não guardem traumas decorrentes da privação do mais básico e essencial a sua dignidade, um gesto como esse (a despeito do alegado erro de cálculo na compra das cenouras) poderia ser visto com naturalidade e mesmo alguma simpatia. Mas esse, infelizmente, não é o nosso caso. E indignaram-se aqueles pais. E legitimou-se sua indignação por meio de notícias na internet. E o que vimos a partir daí foi uma grande parcela da sociedade repercutindo o que, já então, era por todos considerado um grande absurdo. 

O que me causou assombro no episódio não foi tanto a indignação daqueles pais (justificável sob muitos aspectos), mas a maneira como a divulgação do fato levou outras pessoas (com ou sem filhos, em idade escolar ou não) a fazer eco daquela indignação, criando uma condição para que o ocorrido virasse notícia nacional... Vi uma pessoa, supostamente imune ao "mecanismo da matrix", comentando "o absurdo" com uma indignação que verdadeiramente não sentia, apenas repetia, reverberava..., porque assimilou e tomou para si o peso e o tom do "julgamento midiático" que foi dado para o caso.

E isso é verdadeiramente assombroso porque, por exemplo, o real e implacável sucateamento que vem sofrendo a nossa educação pública nas últimas décadas, o fato de uma enorme parcela dos nossos jovens de escolas públicas chegarem ao ensino médio (e o concluírem!), infeliz e vergonhosamente, sem capacidade de ler e compreender um texto como este mesmo (que você pode ler e compreender agora), ou o fato, ainda, de os nossos professores estarem desmotivados, desesperançados, achacados, adoecidos, com seus salários atrasados (para além de incompatíveis com o tamanho da sua importância social, também já esquecida), trabalhando (não poucos) em condições de ameaça ou de violência efetiva, sentindo-se impotentes e (natural que assim seja), em tantos casos, já indiferentes às próprias condições mazelentas de trabalho... Nada disso tem sido tema para uma pauta de absurdos noticiáveis sobre as nossas reais, mais profundas e mais severas indignações...

Que troço é esse que nos faz esquecer as nossas reais e mais sentidas dores e indignações para nos fazer assumir uma "necessidade" de vociferar por coisas mais amenas??

Na falta de novas figuras, vou me valer de uma velha... Creio que estejamos (re)vivendo um novo mito da caverna. Novo porque de tempos modernos, cibernético. Revisto e atualizado. No mito clássico, de Platão, os homens acreditavam ser realidade aquilo que viam projetado nas paredes da caverna que os abrigava. Nunca haviam saído lá de dentro e nem cogitavam haver outra vida possível. Tudo o que conheciam e que, portanto, reconheciam como "real" era aquilo que podiam ver projetado dentro da caverna: não mais que as sombras de toda uma realidade que existia do lado de fora - e que eles ignoravam. 

Hoje as paredes da nossa caverna são telas de aparelhos televisores, tablets, laptops, telefones celulares e outras fontes onde buscamos "informação" ou "entretenimento". E tudo o que vemos refletido ali nos soa tão real como a própria "Verdade". Fato. Acatamos. Não desconfiamos, não questionamos. Antes disso já replicamos, reverberamos, compartilhamos, nos inflamamos, tomamos partido aqui e acolá, levantamos a bandeira e a voz... Somos enredados e nos enredamos...

(Parêntese rapidinho para explicar que "buscar", aqui, pode ser pura força de expressão, uma vez que bastam alguns cliques para que nossos celulares inteligentes mapeiem tudo o que nos interessa e passem a fazer pipocar diante de nós as notícias que mais gostamos de ler, sem que precisemos de fato buscar coisa alguma.)

Na época da expansão nazista, um ministro da propaganda nazi disse que uma mentira mil vezes repetida se torna verdade. Em tempos de internet não é preciso tanto. E aquele ministro, vivesse nos dias atuais, seria poupado do trabalho tedioso - porque nós, cidadãos comuns, o faríamos em seu lugar. Nós, cidadãos comuns, partidários ou não daquelas ideias, replicaríamos e repetiríamos (ingenuamente ou não) aquilo que logo viria a se tornar "verdade"... Exatamente como temos feito (poupando o trabalho a outros na atualidade).

Mentiras ou meias-verdades tendenciosas, um fato distorcido ou simplesmente mal explicado, uma difamação decorrente de uma distorção dessas, um vídeo grosseiro ou uma piada infame e ofensiva, qualquer "coisa", uma vez publicada, será mil vezes repetida e replicada por pessoas que não se questionaram a respeito da veracidade, da importância ou utilidade daquele conteúdo e que, infelizmente, não consideraram a possibilidade de "quebrar a corrente" (deixando de compartilhar aquilo que elas mesmas, num exame franco de consciência, tomariam por dúbio ou mal explicado, questionável, tendencioso, mentiroso ou abusivo ou, simplesmente, "feio" e de mal gosto).

E, então, temos sido plateia generosa e sem filtro crítico diante de toda e qualquer coisa (produto ou ideia) que se queira nos fazer crer e propagar (ou propagandear...). 

Há uma diferença ainda, e perversa, entre essa caverna moderna que habitamos e aquela da antiguidade, de Platão: lá não havia quem estivesse de fora a manipular (literalmente, no caso) objetos quaisquer no intento de projetar esta ou aquela sombra na caverna, causando esta ou aquela impressão em seus habitantes... Hoje temos "titereiros" a pensar, analisar e escolher as "sombras" que contemplaremos como reais e repercutiremos mecanicamente no aconchego das nossas modernas cavernas...

Por isso é tão importante que estajamos atentos ao que replicamos e disseminamos por aí. É importante que startemos também o nosso "desconfiômetro", o nosso senso crítico (na maioria das vezes bastaria o bom senso), para podermos vislumbrar sair desse mecanismo cíclico e viciado com a nossa matrix (que alimentamos com o nosso comportamento e onde passamos a nos alimentar); para despertarmos do torpor da caverna, desse sono mórbido em que fomos lançados pela fugacidade das coisas, pela ligeireza dos acontecimentos, pela nossa ansiedade, ignorância e preguiça mental diante disso tudo, pela repetição de mentiras que nos confunde e embaça o olhar, pela recorrente banalização das nossas reais e mais profundas necessidades, essenciais, de respeito e dignidade em sociedade, ora reduzidas a (ou substituídas por) "necessidade" de bens de consumo e/ou de um "bem-estar" raso e imediato (também baseado no consumo)...

Existe um "preceito", controversamente atribuído a Sócrates¹, que sugere que tudo o que temos a dizer passe, antes, por um crivo com três questionamentos:

- o que tenho a dizer é verdade?
- o que tenho a dizer é necessário?
- o que tenho a dizer é importante?

Se nos fizéssemos essas 3 perguntas (e se pudéssemos nos responder com sinceridade), concluiríamos que andamos repercutindo coisas demais e, possivelmente, coisas que nada têm a ver com as nossas reais (negligenciadas e ressentidas) necessidades humanas...

No mais, é importante que esteja muito claro aqui que a responsabilidade por esse estado de coisas é muito nossa. Não podemos atribuir vilania e culpa aos "titereiros" do lado de fora da nossa caverna.  Eles não agem sem nós. Apontar-lhes o dedo seria simplificar demasiado as coisas e esquivar-nos do ônus que é nosso para abraçar a justificativa de que "não depende de nós, está acima de nós, não podemos fazer nada"... E gozar da paz de espírito que tal crença nos traria e "dar de ombros", permanecendo no mesmo lugar e mantendo a mesma postura... Quem decide passar uma notícia, matéria ou vídeo adiante, quem opta por clicar em "compartilhar", quem se deixa inflamar e repercute notícias absurdas sem refletir a repeito, afinal, somos nós próprios. Essa é a nossa parte e é a parte que podemos mudar. Para deixar de alimentar a nossa matrix... antes que ela nos devore.

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Notinha superpessoal de rodapé:
¹ Sim, acabo de replicar essa informação sem ter certeza da sua veracidade ou fonte, muito embora tenha declarado (e em negrito) que a referida atribuição a Sócrates é controversa (o que não necessariamente servirá para me redimir). De todo modo, creio, devido ao panorama atual e às circunstâncias em que estamos todos inseridos, que poucos (bem poucos) serão aqueles que me poderão atirar a primeira pedra...
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30 de agosto de 2017

Carta aberta sobre a importância de dar os créditos, sobre corrupção e sobre o que uma coisa tem a ver com a outra (e você com isso)

Breve reflexão sobre a 'nossa parte nisso tudo'...


Alguns anos atrás, uma grande amiga, mãe de um menino com então 7 ou 8 anos, conversou comigo, estupefata, sobre o que tinha visto na feirinha de ciências na escola do seu filho. Na feirinha, vários estandes foram montados de acordo com os temas propostos para pesquisa e os trabalhinhos das crianças eram expostos em murais para que todos pudessem ler.

Essa amiga comentou que nenhum dos trabalhos citava a fonte (vá lá, trabalhinhos de crianças nessa idade não precisam necessariamente ter bibliografia, elas ainda terão tempo para aprender isso... Mas por que já não ensiná-las numa oportunidade como essa?). 

O que causou espanto em minha amiga, no entanto, não foi isso. Dentre aqueles trabalhos, havia um que era simplesmente um "print de tela" de uma página da internet, sem o cuidado sequer de uma edição do conteúdo. Não sei se uma criança de 7 ou 8 anos àquela época teria expediente para fazer uma busca no google, entrar num site dentre os encontrados com aquele tema e mandar imprimir o que achou a respeito... Suspeitamos que ela sequer tenha participado efetivamente daquela "pesquisa". E tampouco o seu "responsável"... Assim fosse, o "trabalho" impresso não traria também links e propagandas do site de onde fora extraído, demonstrando desleixo e escancarando a 'pirataria'.

Ficamos nos perguntando, minha amiga e eu, como é que aquele pai ou mãe não sentia vergonha de representar um 'papelão' daqueles... E ela, que é mãe, se perguntava ainda isso: o que aqueles pais estavam ensinando para aquela criança?

Nos últimos anos o nosso país tem sido assolado por notícias de corrupção e todos reagimos com justificada indignação, mas poucos realizam que a corrupção existe e se manifesta o tempo todo em pequenas coisas no nosso cotidiano... e que somos coniventes, quando não, agentes.

Poucos enxergam a corrupção, por exemplo, num "trabalhinho" impresso a partir de uma página da internet e apresentado na escola como se fosse do aluno; ou quando um de nós, por extremo cansaço ao fim de um dia de trabalho, na volta para casa, parece não notar que outras pessoas aguardam na porta do metrô para que saiam alguns passageiros da condução e, então, impaciente, entra esbarrando naqueles que estão por sair e "trapaceando" uma fila onde outros (possivelmente tão cansados quanto ele) aguardam educadamente a sua vez de entrar; ou ainda quando, naquele ansiado feriadão, no trânsito parado na estrada a caminho da praia ou da montanha, encontramos justificativa para "tirar o atraso" seguindo pelo acostamento...  

(Tratando-se de justificativas, aliás, se observarmos os "grandes corruptos" que têm sido pegos de "calça arriada" ultimamente, excetuando-se aqueles providos de boa dose de cinismo para negar o inegável até o fim, todos os demais terão alguma justificativa para o ilícito cometido...).

A corrupção existe onde as pessoas acham certo fazer o que sabem ser errado. E isso nos toca a todos em algum momento da vida... Os "grandes corruptos" que temos visto na TV e aqueles "pequenos" com quem convivemos (ou encarnamos, nós mesmos) no dia a dia, no cruzamento trancado no trânsito, na fila do transporte público para casa, na ultrapassagem pela direita... guardam em comum mais coisas do que podemos (ou temos a coragem de) suspeitar... Porque tudo esbarra numa questão de valores. E não me refiro aqui a montantes em dinheiro dentro de malas passadas de assessor a assessor... Me refiro a caráter, justiça, hombridade e senso de bem-comum que devem ser aplicados a todos (e não só a mim e não só quando convém). E, se pensarmos bem sobre esses valores, vamos concluir que sua base reside numa certa humanidade, que temos visto escassear sob as mais absurdas justificativas...

(Neste e em outros âmbitos, aliás, as "justificativas" têm servido apenas para que continuemos cometendo os mesmos erros de sempre livres do desconforto da vergonha que seria justo sentirmos...).

Por isso, retomando o mote que nos primeiros parágrafos serviu para introduzir esta reflexão, eu venho apelar para uma coisa muito simples, pequena e desimportante: se você gostou do que leu por aqui sobre algum artista, se quer copiar uma foto porque se identificou com ela, se vai apresentar um trabalho na escola (ou se você é o pai que vai ajudar o filho nisso) sobre barroco ou arte naif ou outros temas que eu acabo desenvolvendo neste espaço, se vai se valer de informações que encontrou aqui, seja honesto: cite a fonte e dê os créditos

Resgatemos o bem, o zelo, o respeito, a cordialidade que todos queremos e que nos têm feito já tanta falta; retomemos os nossos valores; sejamos melhores do que temos sido; sejamos mais humanos, mais justos e verdadeiros. É mais fácil do que a maioria pensa. Basta querer.

"Seja a mudança que quer ver no mundo". A frase, atribuída a Mahatma Gandhi, é inspiradora... Sejamos essa mudança, então! E comecemos pelas pequenas coisas, pelas "menos importantes", que são as mais tangíveis, porque é delas que estamos cercados e é com elas que construimos a nossa vida, o dia a dia, nosso cotidiano... E porque nas menores coisas e nas pequenas atitudes, afinal, já estamos escolhendo e definindo o que queremos, o que valorizamos e quem somos. Comecemos por elas. E comecemos desde já!

Grata,
Simone dos Santos.


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
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9 de março de 2017

Coisicas (catiquinhas) Artesanais - Pombinho em Flor (nova edição - revista e atualizada)


Coisa rara por aqui...  Uma (quase) reprodução.

Não costumo replicar peças. Não mesmo. Porque o sopro que chega numa hora de inspiração nunca é o mesmo que volta a soprar em outras horas de inspiração.

Bacana, né? Poético?? 

Mas a verdade é ainda outra...

A começar pelo fato de que, tecnicamente, é muito difícil (leia-se: dá um trabalho do cão!) replicar uma peça igualzinha. Pelo material um dia comprado e, às vezes, nunca mais encontrado... Por aquela mescla de tintas que resultou num tom incrível de azul ciano de nuances cottage (e que te faz duvidar que vai conseguir reproduzir um dia tal cor de novo)... E por diversas outras variáveis que não vou ficar enumerando aqui - que é pra não ficar chato...

Não costumo replicar peças. Não mesmo. Porque o sopro duma inspiração passada chega já sem o frescor de antes, requentado e incapaz de vencer a preguiça e o desinteresse que me visitam quando preciso "repetir" coisas.

E também porque... na vida nossa de cada dia, no trânsito, na triagem do teleatendimento, no ônibus cheio, na sala de espera do "gastro" ou no trabalho, enfim, no dia a dia a gente já é obrigado a lidar com tantas pequenas chatices, repetições, burocracias, obrigações e/ou privações... E porque eu decidi, muuuuuitos anos atrás, que na seara das coisas que me dão prazer (que, neste caso aqui, tem como representante o artesanato) caberia tão somente o prazer. Inspiração, alegria e liberdade.

Não costumo mesmo replicar peças... Exceto se me dá vontade ;)


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos - Outro pombinho em flor
Meu (novo) pombinho em flor ;)

Descrição e medidas: Pombinho de madeira, patinado e pintado a mão, aplicado sobre flor de madeira com gancho de fitas penduradas. Acabamento encerado. Aproximadamente 7 cm de diâmetro por 2,5 cm de profundidade, com 15 cm de altura considerando-se as fitinhas. 

Valor da peça: R$ 25,00 + frete.

Conheça o meu primeiro pombinho em flor.

E veja aqui mais um pombinho em flor (o que pode ser sintomático de um princípio de "tara" minha)...

Para obter mais informações sobre compra, frete e condições de envio, escreva paracoisicas.artesanais@gmail.com
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4 de outubro de 2016

Feliz dia de Francisco!


Hoje não tem artesanato, só uma breve reflexão (para além das crenças ou descrenças de cada um)...

Que nós possamos reconhecer que há momentos em que "o lugar" onde mais precisamos levar o amor, a paz, a união, o perdão, a luz, a tolerância, o bem-querer, a boa-vontade... é para dentro de nós mesmos...

Que a simplicidade de Francisco esteja conosco.
Paz e Bem!


clique abaixo e escute a Oração da Paz nesta versão fofa do grupo Nataraja:



Oração da Paz
Senhor, fazei-me instrumento de Vossa Paz!
Onde houver ódio, que eu leve o Amor
onde houver ofensa, que eu leve o Perdão
onde houver discórdia, que eu leve a União
onde houver dúvida, que eu leve a Fé
onde houver erro, que eu leve a Verdade
onde houver desespero, que eu leve a Esperança
onde houver tristeza, que eu leve a Alegria
onde houver trevas, que eu leve a Luz...
Ó Mestre, fazei que eu procure mais
consolar que ser consolado,
compreender que ser compreendido,
amar que ser amado,
pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado
e é morrendo que se vive para a Vida Eterna.



Você sabia?

A Oração pela Paz, popularmente conhecida como Oração de São Francisco, é uma oração cujo autor se desconhece. Ela teria surgido no século XIX, sendo mais amplamente propagada no século seguinte. Leonardo Boff conta que um franciscano que visitava a Ordem Terceira Secular de Reims, na França, mandou imprimir um cartão contendo, de um lado, a figura de São Francisco e, do outro, a Oração pela Paz com a indicação da fonte: Souvenir Normand (ou, "recordação da Normandia", região onde inicialmente teria surgido a oração). No final, uma pequena frase dizia: “essa oração resume os ideais franciscanos e, ao mesmo tempo, representa uma resposta às urgências de nosso tempo” (eram tempos de guerra - a 1ª grande guerra assolava o mundo). Possivelmente pela associação indicada no cartão, a oração começou a ser difundida como se fosse de autoria do próprio santo. (fonte: wikipedia e franciscanos.org).


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