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30 de julho de 2022

Pedro Soldatelli e seus Trecos com Arte (muita arte!)

Em outubro do ano passado, eu passei uma pequena temporada na serra gaúcha para resolver algumas demandas pessoais. Não era, absolutamente, uma viagem a passeio. Mas... num pulo rápido ao centro da cidade, onde fui para tratar algumas pendências burocráticas, me deparei com um trabalho artesanal que me fez esquecer o que eu tinha ido fazer ali...

No meio do caminho entre a rodoviária e o banco, esqueci a pressa, a hora, a fila, a burocra e me permiti parar pra admirar aquele trabalho tão lindo, que me tocou fundo no coração, porque trazia uma linguagem muito familiar e tão querida para mim, o rústico e o delicado unidos em simbiose perfeita, muitas cores, madeira, arame e cerâmica, tudo delicadamente combinado! 

Os encantos que me fizeram parar a correria do dia ♥


De certo modo, aquelas peças me lembravam muito o artesanato de Minas Gerais (que eu amo! ♥), mas elas traziam consigo uma novidade, um algo a mais: a força inventiva e a criatividade livre e sem limites daquele artista. Sua mão, seu coração e, por assim dizer, sua assinatura estavam presentes em tudo ali, em cada detalhe de cada peça!


*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*

*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*


*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*


*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*


Pedro Soldatelli é o artista, um fazedor de trecos luminosamente criativo! E os "trecos" que Pedro cria irradiam liberdade, porque ele parte de uma estética mais ou menos conhecida de todos nós para, entretanto, apresentar peças que escapam do óbvio. Um pequeno casario emoldurado por um velho cabide de roupas, um gato estilizado com a barriga vazada de onde pende um coração, casinhas de passarinho super estilosas, barquinhos veleiros que te fazem sentir a brisa do mar, Franciscos de Assis envoltos por passarinhos a voar! ♥ Os "trecos" do Pedro, seguramente são bem mais que trecos, são arte mesmo, porque ultrapassam o já visto, o esperado e nos transportam para um lugar de surpresa e beleza!


*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*

*Foto gentilmente cedida ♥
créditos ao final da postagem*

Naquele dia, impactada e encantada diante de tudo o que Pedro e Flávia, sua esposa, expunham naquele cantinho de galeria, eu entendi que estava diante de algo muito especial! Por isso minha marcha foi brecada, minha urgência foi suspensa, e eu parei ali pra poder admirar aquele trabalho!


Impossível não se encantar! ♥


Na ocasião, eu fiquei tão feliz com aquele "achado", que, já embalados em boníssima e simpática prosa (eu, marido, Pedro e Flávia), eu lembrei que poderia "remover o pó" da "blogueira de artesanato" que adormece em mim (rs) e perguntei se poderia escrever um pouco sobre eles aqui no Coisicas, e eles consentiram muito gentilmente! Fiz algumas fotos que guardo com carinho e, hoje (finalmente!), venho mostrar um pouquinho desse trabalho tão lindo e cativante, tão rico e singular, tão cheio de referências e histórias e, ao mesmo tempo, tão carregado de belíssimas surpresas! ♥


Selfie pra lembrar do encontro e da prosa - outubro/2021

O cantinho com as peças expostas - que me fizeram parar tudo! ♥


Pedro, Flávia, muitíssimo grata pela prosa tão legal que tivemos, pela simpatia que irradia de vocês e pela oportunidade de trazer um pouquinho desse trabalho tão lindo (e também esses sorrisos) pra compartilhar aqui no Coisicas! Adoramos conhecê-los! ♥ Muita luz, inspiração e criatividade sempre-sempre no caminho de vocês! ♥


Pedro e Flávia - dois queridos! ♥

Para os leitores que gostaram de conhecer um pouquinho desse trabalho tão lindo, não deixem de acompanhar as novidades e saber por onde eles andam expondo seus Trecos com Arte (sim, muita arte!). Vou deixar abaixo os links para suas redes sociais. Sigam lá! ;)



* As fotos gentilmente cedidas para esta publicação são de autoria do Pedro, da Flávia e de Rafael Sartor (@rafaelsartoroficial).

~ ♥ ~


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16 de julho de 2019

Entrevista - Marcelo Pimentel e o trabalho do ilustrador


Conhecia Marcelo Pimentel de vista, apenas. Um "bom dia" aqui, outro acolá, acompanhados de um aceno de cabeça e um sorriso eram bastantes num ambiente em que nos habituamos a conhecer muito pouco das pessoas, dos seus sonhos, das suas mais sentidas e sinceras motivações... 

Foi no ano passado que uma amiga querida nos apresentou "formalmente"...

"Si, esse é o Marcelo. Ele faz um trabalho lindíssimo como ilustrador! Você precisa conhecer!"

Conheci. Marcelo me mostrou dois livros seus: "O fim da fila" e, depois, "A flor do mato". Fiquei encantada com a simplicidade do primeiro (naquilo que a simplicidade tem de melhor, que é nos apresentar ao essencial, sabe?) e com a beleza pueril e envolvente do segundo. Em ambos me saltou aos olhos o alcance profundo daqueles traços e daquelas histórias: direto ao coração. 


Entrevista com Marcelo Pimentel - Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
Gente do céu! Não é puro encanto isso?? 
"A flor do mato" (detalhe), Marcelo Pimentel, Editora Positivo, 2018.

Desde então, passei a conviver com um bichinho comichão me carcomendo de vontade de trazer o Marcelo aqui pro Coisicas. Mas não sabia como fazê-lo. Um certo receio me travava... Como eu poderia abordar seu trabalho aqui?

Porque quando a gente pensa em "artes" ou em "artesanato", quando a gente pensa em "artesão" ou em "artista plástico" (temas principais desse blog), eu não sei se já ocorreu a vocês... A mim, até então, nunca tinha ocorrido pensar no ilustrador! A gente pensa em ceramista, poteiro, escultor, mosaicista, marcheteiro, "pintor" (pintor não, artista plástico, né, gente...), e pensa em bonequeiro, titereiro, handcrafteirosanteiro, até em ferreiro... Pensa nas fiandeiras, nas rendeiras, nas bordadeiras, nas tecelãs e em mais gente que trabalha com fios, com linhas e com panos e com palhas e trançados... Há quem se lembre de pensar até em luthier e restaurador! A gente pensa numa infinidade de gente, mas, dificilmente, vai se lembrar de pensar no ilustrador...

(Alguém aí teria pensado num ilustrador??)

E isso foi uma dificuldade inicial que me impedia de ter segurança e convicção para chamar o Marcelo: pensar no trabalho de um ilustrador como um tema possível para ser tratado aqui no Coisicas Artesanais... Por pura ignorância ou certa inabilidade minha em pensar "fora da caixinha"... Porque, afinal, é inegável e contumaz que o trabalho de um ilustrador está carregado de arte! E de criatividade inventiva e de muita pesquisa (para respaldar a escolha de símbolos e elementos culturais na caracterização de um tema)... E de uma capacidade incrível de agregar tudo isso ao seu próprio traço, criando novas formas de representação pictórica, imagética das "coisas", de um lugar, de personagens, de uma história que se quer contar... 


Entrevista com Marcelo Pimentel - Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
"O fim da fila" (primeiros traços e arte final), Marcelo Pimentel, Editora Rovelle, 2011.

E, então, percebi também que eu não fazia muito bem ideia de como é, de fato, o trabalho de um ilustrador... E que isso era o maior empecilho, o que realmente me travava de dar asas à vontade de trazer o Marcelo aqui.. E imaginei que talvez meus leitores teriam as mesmas dúvidas... Mas, ora, afinal, o que faz um ilustrador? Como é o trabalho de um ilustrador?? 

Bom... daí, eu não tinha mais por quê titubear, né? Com um mote desses (o de nos contar alguns detalhes e nos esclarecer sobre como é seu trabalho), vi chegada a hora de partir pro convite e trazer Marcelo Pimentel aqui pro Coisicas, pra prosear com a gente sobre o que faz um ilustrador! ;)

Então... senta, que lá vem história! ;)

Coisicas Artesanais - Marcelo, acho que, depois dessa introdução, não posso começar por outra pergunta... Como é, afinal, o trabalho de um ilustrador? ;)
Marcelo Pimentel - Não é uma resposta simples, rss. Eu trabalho com ilustração literária, especificamente para livros infantojuvenis (há ilustradores botânicos, de indumentária, publicitários... enfim, de outros gêneros). Basicamente meu trabalho é o de tentar transmitir ideias com imagens, se possível com poesia, com emoção. Em geral, ilustradores de livros interpretam textos com suas imagens, propondo uma releitura, ou seja, uma segunda forma de contar uma história – que em geral não deve contradizer o texto, mas que pode ir além do que ele propõe, trazendo questões próprias, não necessariamente previstas na narrativa verbal. No entanto, a ilustração não depende de um texto para existir, como no caso dos livros de imagem, que contam histórias somente por imagens. Tentando resumir, o ilustrador conta histórias com imagens, partindo de um texto ou apenas de uma ideia, e tem de se fazer entender minimamente pelo leitor, ainda que seu trabalho permita interpretações diversas (como também ocorre com um texto). E o modo de transmitir mensagens visualmente pode ser muito pessoal, variando bastante de um artista para o outro.

C.A. - Hummm... Agora que eu já fiz a pergunta mais urgente (e que a "coisa" está começando a ficar mais clara), já posso fazer a pergunta que faço a todos os meus entrevistados aqui, rs... Em que data e onde você nasceu? ;)
M.P. - Perguntinha embaraçosa essa, hein? Rss. Brincadeira! 26 de abril de 1969, Rio de Janeiro. :)


C.A. - É, menino... Tenho observado que, depois de "certa idade", todo mundo torce o nariz pra essa pergunta! rsrs... Mas, então... Eu vi uma foto no teu blog, você pequenino ainda, com uns desenhos super elaborados pruma criança daquela idade... Vc ali tinha o quê? Uns 6 anos??...
M.P. - Por aí! Eram personagens Disney e até que estavam bem desenhadinhos mesmo, considerando a idade que eu tinha, rss. Eu gostava muito de copiar personagens da TV e dos quadrinhos, fazer e refazer, até conseguir chegar, dentro do possível, a um resultado próximo dos desenhos originais. E passava horas desenhando, fossem cópias ou invenções minhas. Era um prazer.

C.A. - Então desde muito novo você já tinha o pendor (e o talento) para desenhar - e muito bem, né? Nessa época, você imaginava que iria trabalhar com isso?? Quando as pessoas te perguntavam: "o que vai ser quando crescer?", por exemplo, você já podia prever que seria um ilustrador e que o desenho permaneceria tão presente na tua vida?
M.P. - Houve uma fase em que eu queria ser zoólogo e trabalhar com a pesquisa e proteção de grandes feras. E meu ídolo era o "Daktari", o protagonista de uma série homônima de TV dos anos 70 (um veterinário americano que trabalhava na África). Mais tarde, vi que isso iria me requerer talentos que eu não tinha. E a vontade de trabalhar com desenho falou mais alto. Se bem que até hoje prefiro desenhar bicho do que gente!

C.A. - Rsrs... Legal! E nessa fase, na infância, quais eram as tuas brincadeiras favoritas? Peraí... não responde. Eu adivinho... Desenhar! ;)
M.P. - Adorava desenhar, e fazia isso por horas sem me sentir triste ou sozinho. Criava meus próprios personagens e roteiros, às vezes até em formato de Gibi (com grampo e tudo). Minha editora era a imaginária MOP, decorrente das minhas iniciais.

C.A. - Rsrs... Boa!
M.P. - Mas também sempre curti – e muito! – futebol, videogame (já no final da infância), bonecos em miniatura (para os quais construía todos os utilitários que não vinham de fábrica) e aquelas brincadeiras que hoje quase não se vê mais nos grandes centros urbanos, como os "piques". Já pipa e bola de gude não fizeram minha cabeça, não.

C.A. - Bacana! Eu brinquei muito de "pique" também... Pique-cola, pique-bandeira, pique-esconde, pique-tá! =) E como se deu esse trajeto, Marcelo? Como foi que, dessa habilidade incrível para o desenho que você traz desde menino, você trilhou o caminho até se tornar um ilustrador?
M.P. - Há um período na fase escolar em que a maioria das crianças para de desenhar, em parte porque começa a comparar seu desenho com o dos outros colegas e, quando esses têm mais facilidade, os demais se inibem...

C.A. - Não foi esse o teu caso, né? ;)
M.P. - Eu fui um dos que apresentavam mais facilidade para o desenho, um dos poucos que seguiu em frente. Nunca parei. No antigo ginásio (atual ensino Fundamental II) e no 2º grau (hoje, ensino médio) passei a ser chamado pra fazer cartazes escolares ou mesmo caricaturas para cartões de aniversário. E foi também no 2º grau que descobri a profissão de designer gráfico (na época o curso se chamava "Comunicação visual"), para a qual prestei vestibular, tendo sido aprovado para a Escola de Belas Artes da UFRJ. Um dos professores que tive, o Rui de Oliveira – hoje aposentado como professor universitário, mas ilustrador bastante ativo –, é um verdadeiro Mestre da ilustração (com M maiúsculo mesmo), com domínio total da teoria e da prática (estudou por muitos anos em Budapeste). Foi esse professor, que produzia muito para editoras infantojuvenis, que me mostrou as possibilidades da ilustração como atividade profissional, especialmente para a literatura infantojuvenil, cujo mercado então se consolidava no Brasil.

C.A. - Então tua formação é em design, certo? Mas... Um ilustrador não necessariamente precisa ser um designer, né? Que outras formações ou cursos (acadêmicos ou técnicos) podem "criar" um ilustrador?
M.P. - É, não necessariamente. Acho muito importante que o ilustrador tenha sólidas noções de design, até para ir além da ilustração e poder projetar com segurança todo o objeto livro (incluindo suas margens, o corpo e a fonte do texto, etc.). Mas há grandes ilustradores com formação em arquitetura ou pintura, por exemplo. Há, inclusive, autodidatas. No Brasil, não temos ainda escolas voltadas exclusivamente para a formação em ilustração, como ocorre na Europa (com exceção de uma recente, em Recife: a "Usina de Imagens", que vem se firmando nos últimos anos). Então nossa tradição se formou sobre bases multidisciplinares. Porém, mesmo não havendo uma receita rígida para a formação do ilustrador no Brasil, é importante estudar permanentemente para mantermos uma produção de qualidade, assim como ocorre com qualquer outra atividade profissional.

C.A. - E como foi no começo, pra se inserir no mercado? É um meio muito fechado?
M.P. - É sim. E se você já não conhece ninguém no meio, um professor ou amigo que te ajude a se inserir no mercado, o início é um pouco mais difícil. No entanto, em tempos de internet, vejo que as dificuldades de inserção no passado eram muito maiores. Hoje você pode enviar portfolios digitais, fazer rapidamente pela web uma lista de editoras a contatar e, ainda, visitar inúmeros eventos literários anualmente frequentados por autores e editores. Ou seja, pesquisando um pouco e tendo uma produção pra mostrar, é possível ir conseguindo trabalhos pra publicar e adquirindo reconhecimento.

C.A. - Marcelo, você não trabalha apenas como ilustrador, né? Você tem um emprego formal (com "sapato fazendo calo", coisa e tal, rs)... Como é conciliar as duas coisas: ter de se dedicar a um trabalho "comum", digamos assim (que, muitas das vezes, infelizmente, pouco ou nada tem a ver com as reais habilidades e/ou "dons" de cada um) e, ao mesmo tempo, cuidar de atender às demandas e necessidades (sobretudo de expressão artístico-criativas) de um ilustrador?
M.P. - Às vezes é bem difícil, exaustivo mesmo. Gostaria de dedicar mais tempo às atividades de ilustração. Mas conciliar esse trabalho com um outro mais estável foi o modo que encontrei de organizar minha vida, por uma série de razões superiores à minha vontade. Olhando por um viés mais otimista, embora me impeça de me dedicar integralmente à produção de livros, a estabilidade de um emprego formal me permite ser mais criterioso com os trabalhos que produzo. Ou seja, como não vivo exclusivamente dos projetos de livro que realizo, posso decidir quais deles devo realizar e em quanto tempo.

C.A. - Sim... E essa condição te propicia mais liberdade e prazer, né? Poder escolher os projetos a que se dedicar... Isso me faz lembrar um conselho muito sábio que nos foi dado nesta entrevista aqui por Helena Coelho... Ela nos diz que (sobretudo no começo da carreira - e vivendo no Brasil...) é salutar que um artista não dependa exclusivamente da sua produção artística para sobreviver. Assim, sua criação pode se manter livre e ilesa de outras interferências e motivações que escapem a sua arte... Bem, Marcelo, um ilustrador, comumente, ilustra histórias já escritas por outros, né? Mas você citou aqui no começo da entrevista os livros de imagens e, aliás, você é autor de alguns livros com histórias não escritas, né? Eu, particularmente, devo abrir aqui um parêntese pra dizer que acho isso genial! Porque você dá ao pequeno leitor a possibilidade de ser um "co-criador" daquela história, compreendendo-a com suas próprias "ferramentas" de interpretação e fazendo uma leitura com suas próprias possibilidades cognitivas a partir daquelas ilustrações... E isso também se aplicaria, ganhando mais nuances e proporções, a pais e tios que "leem" esses livros para uma criança... "O fim da fila" e "A flor do mato" são dois livros teus que "falam" através de imagens... Como se deu isso? De onde veio a inspiração para se utilizar desse recurso? A intenção é mesmo essa, de dar, digamos, uma espécie de "co-autoria" para o leitor?
M.P. - O livro de imagem, ou livro sem texto, é um gênero de literatura onde a narrativa se dá pela sequência de imagens (pode também não ser exatamente narrativo, mas creio que isso não cabe detalhar aqui, rss). Muitos ilustradores no Brasil e no exterior já se aventuraram por esse caminho e há inclusive um prêmio específico no Brasil para esse tipo de publicação: o prêmio Luís Jardim, oferecido pela FNLIJ - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Originalmente previstos para o público infantil, os livros de imagem e os livros ilustrados com pouco texto (onde a imagem predomina) têm obtido reconhecimento como obras de arte, inclusive com a criação de mostras internacionais e premiações específicas, transcendendo o universo mais focado nas crianças, como já o fizeram, há algum tempo, o cinema de animação e os quadrinhos... E, sim, uma das principais características de um livro de imagem é permitir diferentes interpretações, dependendo das vivências de cada leitor. E isso é de uma riqueza enorme! A essência da história em geral é compreendida por todos, mas as suas nuances e até mesmo o seu final podem ser entendidos de modo diverso pelos leitores, proporcionando uma experiência bastante interativa.

C.A. - Marcelo, fala um pouquinho do seu livro mais recente, lançado no ano passado... Um livro super bonito, neste estilo sem texto, apenas com imagens: "A flor do mato". O que te inspirou a criá-lo?
M.P. - Quando eu tinha uns treze ou catorze anos, li um conto do escritor Herberto Sales sobre a personagem folclórica "Flor do mato", uma menina encantada que atraía crianças para o fundo da mata. Fui envolvido pela história e a carreguei na memória pela vida afora. Anos depois, pensando na possibilidade de produzir um segundo projeto autoral (já tinha lançado um primeiro, o livro de imagem "O fim da fila", publicado em 2011 pela Editora Rovelle, com grande sucesso), surgiu a ideia de uma nova narrativa visual a partir da lenda da "Flor do mato". Gosto sempre de adaptar meu traço ao espírito do texto. Como a lenda da Flor do mato é originária de algumas áreas rurais nordestinas – principalmente a Zona da Mata de Pernambuco e da Paraíba – decidi inspirar meu traço no Maracatu rural, uma manifestação típica dessa região e de presença muito forte, sobretudo, na zona canavieira de Pernambuco. Me inspirei no seu principal personagem, o Caboclo de lança, cujos trajes apresentam grafismos muito característicos: estampas florais e arabescos multicoloridos. Com tudo isso em mente, a lenda, os grafismos, as estampas, parti para as ilustrações. Os primeiros esboços são de 2014... Nesse trabalho usei técnicas que variam do nanquim e do guache (nas cenas em preto e branco) para a tinta acrílica combinada com a colagem (nas cenas coloridas – principalmente de acabamentos de bordado como sianinhas, guipires)... E foi assim que nasceu "A flor do mato", uma história que trata de diversas questões, além do tema folclórico em si: família, solidão, amadurecimento, sedução... Uma história quase sem texto (há uma página de diálogo quase no fim do livro), baseada em lenda pouco conhecida fora de seu território original e cujo traço se inspirou nos grafismos de uma tradição local.


No alto, detalhes da indumentária dos Caboclos de lança, inspiração que norteou os traços do artista em seu mais recente trabalho: A flor do mato (foto abaixo). As imagens dos bordados típicos do maracatu rural são daqui.

C.A. - É muito bacana isso de você se inspirar em grafismos típicos duma manifestação cultural tão marcante naquela região para traçar e dar vida aos personagens e ambientes daquela história! E é impressionante a similaridade dos teus traços com as formas e cores presentes no maracatu rural! A flor do mato é mesmo um livro muito lindo e, se me permite o "trocadilho", encantador! rs... E ele foi laureado em vários concursos e programas literários, né? ;)
M.P. - Sim! Felizmente o livro tem obtido bastante reconhecimento por aí... No ano passado, ele foi selecionado para o PNLD Literário (maior programa governamental de aquisição de livros para escolas públicas); e foi premiado num concurso lá em Moscou, na Rússia: o "Image of the book". Agora, em 2019, recebeu o selo "Altamente Recomendável" da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), na categoria "Livro de Imagem" e ficou entre os finalistas do Prêmio da AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil) pelo conjunto de suas ilustrações...

C.A. - Nossa, Marcelo! Bacana demais! Merecido reconhecimento para um trabalho tão belo quanto delicado! Parabéns! =) Bem... eu sempre peço pros meus entrevistados deixarem dicas para quem está começando, porque acho que muita gente que acaba caindo aqui no blog pode se inspirar em vocês... Daí eu queria te perguntar que dica você poderia deixar pra molecada de agora que, na contramão do uso de tablets e outras ferramentas digitais, gosta de desenhar e quer enveredar por esse caminho...
M.P. - Simone, atualmente vejo muita gente do desenho realizando seus trabalhos (muitos deles ótimos) por meio digital. Uma coisa não exclui a outra, as ferramentas digitais foram mais uma alternativa que se abriu para a expressão através do desenho. 

C.A. - É verdade... Muito bem observado!
M.P. -  Apesar de reconhecer isso, eu, particularmente, não curto trabalhar com desenho e pintura digital (talvez um dia, rss) – sou mais do lápis e das tintas, do fazer tátil, orgânico.

C.A. - Super compreendo... E super compartilho do gosto pelo fazer mais orgânico e tátil, como diz. A coisa mais "tecnológica" que me atrevo a fazer, aliás, é escrever neste blog, rsrs... Mas... e pra garotada que quer desenhar profissionalmente?
M.P. - Bem, acho que o primeiro passo para tentar se inserir no mercado da ilustração é aprimorar as técnicas de desenho e pintura, assim como as linguagens (meios de expressão) nos ambientes de ensino: na universidade ou em cursos e workshops. Há ilustradores autodidatas, mas eu diria que o contato com profissionais experientes encurta bastante os caminhos. Para se adquirir um repertório de linguagens se deve ver com frequência o que é feito e o que já foi feito em ilustração (no meu caso, foquei mais o mercado editorial, especificamente na área de literatura para crianças e jovens). Só é possível crescer e se aprimorar conhecendo os vários estilos e ferramentas de profissionais ativos e daqueles que deixaram um legado. Pra quem gosta de ilustração de livros, por exemplo, é ótimo visitar encontros e feiras literárias e ver o que outros ilustradores estão produzindo.

Entrevista com Marcelo Pimentel - Coisicas Artesanais - Simone dos Santos
Marcelo Pimentel apresenta "A flor do mato" - Foto: André Pinnola - 20º Salão 
FNLIJ do  Livro para Crianças e Jovens - Espaço FNLIJ Ilustrador - 04/07/2018

Marcelo, muito grata pela tua participação tão gentil quanto simpática, tão leve e esclarecedora aqui no Coisicas! Foi uma delícia conhecer mais do teu trabalho - tão bonito e especial - e entender um pouco mais sobre as coisas que cercam o ofício e o mundo de um ilustrador - tema, antes, cercado de "mistério" para mim, rs...

Que você continue preparando os projetos mais lindos (com a bênção de poder se dedicar justo àqueles que te tocam o coração), se inspirando nas tradições mais belas e profundas do nosso Brasil, para nos presentear, em formas, em cores e em personagens cativantes, com as histórias mais encantadoras - para as crianças de todas as idades! 

Eu tenho certeza que, a partir de agora, todo mundo que leu essa entrevista vai passar a lembrar sempre do ilustrador quando tiver de elencar trabalhos que envolvam arte e/ou fazeres artesanais! ;)

E se você, leitor, gostou de conhecer o Marcelo e quer saber ainda mais sobre seu trabalho e acompanhá-lo mais de perto, não deixe de visitar o seu blog: 


Marcelo Pimentel - Design e Ilustração Infantil e Juvenil



IMPERDÍÍÍVEL!!!

Vocês sabiam?? O livro "O fim da fila" virou desenho animado! Super bacana, né? :)

A animação, com direção de William Côgo, foi selecionada pelo Anima Mundi e estará na mostra on line do Itaú Cultural, a ser exibida gratuitamente de 19 a 28 de julho, neste link
aqui

Se você perder essa mostra (afinal, ela será bem curtinha), ainda tem como assistir à animação no SP Cine Play. O curta animado estará disponível até novembro deste ano e é preciso fazer um cadastro no site para assisti-lo gratuitamente. Acessando o site, basta girar a barra até a seção intitulada "comKids" e selecionar "O fim da fila" entre as opções.  Aqui.

Além disso, a animação é exibida diariamente na TV RÁTIMBUM (canal 109 da NET) em "horários surpresa" ao longo da programação ;)
* * *


Quer saber mais a respeito?

Marcelo Pimentel e seu livro A flor do mato foram tema de matéria na Revista Época. Leia aqui.


Mas... e os livros do Marcelo? Onde encontrar?? 

O fim da fila - Marcelo Pimentel - Editora Rovelle
Aqui!

A flor do mato - Marcelo Pimentel - Editora Positivo
Aqui, aqui ou aqui ;)

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14 de julho de 2017

Falk Brito - dobrando o tempo 'no tempo da delicadeza'...


Conheci o trabalho do Falk Brito anteontem. (!)

Não, na verdade, verdade mesmo, foi um dia antes de anteontem, mas acho esquisitíssima a palavra que caberia neste caso (trasantontem), então... Minha-nossa, vamos pular essa parte e começar de novo...

Conheci o trabalho do Falk Brito num dia desses (nada mal, hein? ;)), numa pesquisa de imagens na internet... 

Nunca acreditei muito em amores assim, platônicos, casos de novela, namoros de internet... Mas em amor à primeira vista, sim, nisso sempre acreditei! E eis que, daquela pesquisa inocente e sem nenhuma intenção, acabei caindo no blog do Falk e... me apaixonei perdidamente!

Nunca tinha aventado falar aqui de um trabalho como o dele (mas isso pelo simples fato de ainda o não conhecer). E também nunca tinha me ocorrido de eu "conhecer - me apaixonar - publicar" aqui no Coisicas em tão pouco tempo! 

Pois é... Foi assim mesmo: num dia o conheci, no outro me declarei e em apenas 3 dias ao todo (trêêês diaaas!), tinha esse post prontinho para instigar a quantos mais quisessem se apaixonar pela delicadeza daquele trabalho...

Falk Brito trabalha com papel, faz dobraduras, origami... "Eu dobro para transformar olhares", ele diz. E é exatamente isso o que ele faz! Porque ele cria significados, metáforas e poesia capazes de salvar nosso olhar da monotonia e prepará-lo para enxergar toda a surpreendente beleza de uma flor de papel, de uma caixinha de papel, uma estrela de papel, um pombinho, uma borboleta, uma mandala... 

Papel?? 

Não... É certo que não.

Gentileza, bem-querer, delicadeza, carinho, sonho, asas, música, poesia, amor... É isso o que o Falk vem nos apresentar... 

Coisicas Artesanais - Falk Brito - Origami
Quadrinho com flor - Arte e foto de Falk Brito


Coisicas Artesanais - Falk Brito - Origami
Caixinhas - Arte e foto de Falk Brito

Coisicas Artesanais - Falk Brito - Origami
Marcadores de página - Arte e foto de Falk Brito

Para conhecer mais e se encantar com o trabalho lindo e delicado do Falk Brito, acesse os links abaixo:

www.falkbrito.blogspot.com

facebook.com/falkbritoorigami

instagram.com/falkbritoorigami

www.pinterest.com/falkbrito
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Madu Lopes - O moço que traz nos olhos Luz de estrelas...
  
Renato Magalhães - Mandalas rendadas do barro do chão


13 de outubro de 2016

Helena Coelho - histórias sobre tela


Quando criei este blog, em novembro do ano passado, eu anotei um monte de ideias e fiz uma listinha com artistas cujo trabalho eu gostaria de mostrar aqui no Coisicas Artesanais. Helena Coelho estava presente já naquele, digamos, esboço de "roteiro". Mas... me dava uma baita insegurança só a ideia de falar sobre pintura (inclusive a naif) porque me faltariam termos técnicos e conhecimento mais aprofundado sobre o assunto.

Se bem que... é bem verdade que eu, de fato, não tenho embasamento técnico para tratar de nenhum "caso" que tenha sido abordado por aqui. Tudo que escrevo, nesse sentido, vem do coração. É sentimento, inspiração. Me chega "assim"... meio intuído, meio naif... ;)

Conheci Helena antes de conhecer o trabalho da artista plástica Helena Coelho. Nos esbarramos nesse mundinho pequeno que é o Rio de Janeiro... Aliás, sobre isso, uma amiga minha da época da faculdade costumava dizer que "o Rio de Janeiro é uma província" ou, quando estava com o espírito mais brincalhão, dizia que "o Rio de Janeiro é uma novela de Manoel Carlos"! Isso porque, segundo ela, aqui no Rio, todo mundo conhece todo mundo ou, se ainda não conhece, os amigos conhecem algum amigo do amigo e todos vão se esbarrar em alguma esquina, botequim, calçadão ou bloco de rua em cena que irá ao ar capítulo mais cedo ou capítulo mais tarde...

E para não escapar ao script prenunciado... conheci a Helena num... bloco de pandeiros! (Perdoem-me se parece clichê demasiado novelesco, mas é a mais pura verdade!)... Quando entrei naquele bloco, fui posicionada justo ao seu lado nos ensaios e ela sempre me passava uma coisa muito boa de acolhimento. Eu estava "catando cavaco", digo, tocando pandeiro ao lado de uma artista plástica e não sabia!

Também... A vida é assim, né? Quem é que sabe quem é aquela pessoa na tua frente na fila do supermercado? Ou ainda aquela dona que se senta ao teu lado no ônibus? (Ah, sim, o espectador de uma novela do Manoel Carlos certamente há de saber! Ainda mais em se tratando de Helena, a protagonista daquelas histórias - e deste post!)...

Quando conheci Helena Coelho naquele bloco de pandeiros era o ano de 2010. Helena era já uma artista que gozava de grande reconhecimento no meio, com obras no Museu Internacional de Arte Naif, no Rio de Janeiro, e também fora do Brasil. E ela, como tantos outros artistas que "apresentei" aqui no Coisicas, encontrou seu canal de expressão através da arte já na fase adulta, depois de anos de emprego formal, "carteira assinada e sapato fazendo calo"... Mas isso é uma história que a própria Helena virá aqui nos contar, numa prosa mais pra frente - portanto, não percam as cenas dos próximos capítulos... ;)

Havia alguns anos que não encontrava Helena... E, por ocasião deste contato aqui para o Coisicas, eu pude estar com ela novamente e ver quadros seus que ainda não conhecia, bem como rever outros... Vi tantos quadros... E tão belos!!

(Ali, vendo e revendo seus quadros, eu tive uma lembrança... Diante de algumas paisagens bucólicas suas, que retratavam casinhas e bananeiras, eu acabei lembrando de uma obra de Tarsila do Amaral, cuja reprodução meus pais tinham na copa da casa onde passei minha infância: "A feira". E lembrei que Tarsila, junto a seus companheiros modernistas, buscou revalorar toda uma expressividade popular - segundo eles, a essência prima e verdadeira da identidade de uma nação. Imagine a força, o apelo que um postulado como esse exercia na elite acadêmica de um país tão jovem como o Brasil! Aqueles modernistas, então, voltaram seus olhares para o "fazer popular", se inspiraram, beberam da fonte e tomaram emprestados traços, temas, cores, linguagens e sonoridades (sim, também na música o movimento se manifestou) antes renegados à condição de "coisa menor"... Foi quando o "fazer popular" ganhou status de Arte e o termo naif (e o que ele passava a representar nas artes plásticas então) ganhou notoriedade na França e no mundo...) 

Os quadros de Helena Coelho são de uma pureza e de uma doçura encantadoramente naif! Doçura, pureza e uma deliciosa dose de sapequice - que parece refletir a própria alma da artista... Carregados de ricos detalhes, seus quadros parecem querer nos contar uma história (ou histórias). Aliás, eles são histórias! Têm personagens, contextos, paisagens... Podem narrar uma tarde de primavera sob um caramanchão florido no quintal da casa dos sonhos da tia, ou uma senhorinha recebendo o namorado em sua casa cuidadosamente arrumada para tão especial ocasião - e ambos sendo espiados por crianças curiosas na janela, ou, ainda, a reunião animada pr'uma feijoada regada a chorinho, com o "seu fulano do cavaquinho" chegando no portão para se juntar ao regabofe! 

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
Feijoada com chorinho - Helena Coelho - Óleo sobre tela

Helena é dona de um espírito grande, livre, irrequieto... Traz consigo certa "sapequice" que se revela em seus quadros com toques de humor e graça. E, também por isso (ou reflexo disso), é inegável que ela demonstra ter um olhar aguçadíssimo sobre "as realidades" que se apresentam a ela. Helena é extremamente perspicaz e habilidosa observadora. Ela enxerga o que não se mostra, mas está ali. Ela vê para muito além do que é visível aos olhos, ela alcança "a alma" das pessoas, das coisas e das histórias que pretende revelar em suas telas. Ela, com esse olhar que a licença naif lhe concede, contacta "o coração" em si da coisa toda e o transfere para a tela, trazendo elementos, informações, detalhes ali inseridos e justapostos como que despretensiosamente - só que não... Assim, mais que cenas de um cotidiano (tão comuns numa abordagem naif), Helena cria enredos. E é por isso que apreciar um quadro seu é como deixar que ela nos conte deliciosas histórias! Porque Helena aplica mais que tinta, aplica histórias sobre a tela...

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
Caminhos do interior - Helena Coelho - Óleo sobre tela

Coisicas Artesanais - Helena Coelho
A procissão da santa - Helena Coelho - Óleo sobre tela


Conheça mais do trabalho de Helena Coelho e deixe-se envolver pelas histórias que ela vem nos contar!



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Leia aqui a entrevista que Helena Coelho concedeu ao Coisicas Artesanais!  
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7 de outubro de 2016

Gílian Demori - artesanato e generosidade


Conheci o trabalho da Gílian Demori no ano de 2012, catando nem-me-lembro-mais-o-quê no site Elo 7 - que funciona como uma espécie de "galeria" ou um "shopping" que abriga lojinhas virtuais de muitos artesãos brasileiros. Quando me deparei com a lojinha da Gílian a identificação com o seu trabalho foi imediata! A Gíliam fazia tudo, exatamente tudo do jeitinho que eu sempre tinha sonhado! As cores usadas, a pátina de demolição, os temas escolhidos, o traço da letra, os ganchinhos de arame em formato de coraçããããooo!!! 

Que pecinhas mais lindas e delicadas! Quanto mimo, quanto zelo e quanta técnica aplicados naquelas belezinhas!

Naquela ocasião, visitando a sua lojinha pela primeira vez, escolhi uma plaquinha de banheiro (foooofaaa!) e, numa outra vez passeando por ali, escolhi uma de passarinho (ai-meu-deus!) e, nessa coisa de acessar lojinha para comprar plaquinhas, eu fiz contato com ela por e.mail falando o quanto as suas pecinhas eram lindas e tinham mexido comigo, contei que era "artesã amadora" nas horas vagas e blá-blá-blá e... engatamos numa prosa que durou umas dezeeeenas de e.mails!

Coisicas Artesanais - Gílian Demori e seu Acessório Necessário
Ówmm...

A Gílian é um amor! Naquelas trocas de e.mails ela me deu várias dicas preciosas de diversas técnicas, materiais, bisus de onde comprar... Naquela época ela estava começando a ser convidada para fazer vários programas de artesanato na tv e me passava diversos links... A Gílian é daquelas pessoas dispostas a compartilhar conhecimento! E foi assim que eu aprendi um monte de coisas com ela! Foi com ela que eu aprendi, por exemplo, a fazer pátina de demolição (que, enamorada que sou de certa barroquice brasileira, eu amo poder aplicar nas minhas coisicas).

Aliás, a pecinha que escolhi para "abrir" o Coisicas Artesanais foi justamente a minha primeira pátina de demolição - que eu só me atrevi a fazer depois do empurrão da Gílian. E ela foi a primeira pessoa (depois do meu marido, rs) a ver a tal pecinha! (Veja aqui! )

A Gílian é uma grande e admirável artesã! Ela lança mão de inúmeras técnicas como decoupage, craquelê, pintura, pátina, carimbagem, stencil... (Afe, e eu devo estar esquecendo ainda umas "trocentas e oitenta e vinte e tantas"  técnicas que ela usa com maestria). E ela faz cada trabalho cuidando de cada pequeno detalhe com um acabamento im-pe-cá-vel! Sim, porque fazer pátina, decoupage, craquelê... muitos de nós podem fazer, mas fazer tudo isso com um acabamento super fino e "profissa"... é só para os "profissa"! rs...

Mas não é só isso...

Quando chegaram em casa os quadrinhos que eu encomendei, eu tive a surpresa de, no verso de ambos, constatar não só um acabamento impecável mas também uma surpreendente demonstração de zelo extra, de carinho... Ali no verso (que vai ficar sempre rente à parede, escondidinho) havia uma frase fofa estampada em carimbo, uma frase que tinha um efeito de um presságio bom, um voto de coisa boa, um bem-querer, um recadinho gostoso pra gente levar adiante... Escondidinho e discreto, funciona como um "segredinho" ou um pequeno tesouro guardado... Ai, gente, o trabalho da Gílian é muito amor! ♥

Coisicas Artesanais - Gílian Demori e seu Acessório Necessário
"Amizade é uma obra do coração"... !

Na maior parte, ela usa plaquinhas de madeira, compensado e/ou MDF que resgata de caçambas e, como num sopro de mágica, dá nova vida a elas, aplicando diversos materiais e técnicas de acordo com este ou aquele efeito desejado. Assim, pedaços de cortes de madeira que iriam parar no lixo viram lindas plaquinhas de casamento, de boas-vindas, claviculários, quadrinhos de recado, etc... As peças criadas por ela são muito inspiradas (e inspiradoras!) e, como se não bastasse já tudo isso, a Gílian compartilha em vídeo-aulas tudo o que sabe! É dona de um carisma enorme e de uma generosidade que, ai, me dá o maior orgulho poder falar dela aqui! (Gílian, sua Lindaaa! =) ...Pronto! Tietei!).

Para quem quiser conhecer (e se encantar com) o trabalho da Gílian, aqui segue o link da sua lojinha virtual, a Acessório Necessário. Espia só:


A Acessório Necessário também tem perfil no face, onde é possível ver dicas e comprar material que a Gílian disponibiliza, além de participar de sorteios, etc, etc... 


E se você é do tipo "arteira" e gosta de aprender novas técnicas para criar suas pecinhas, então, pode considerar a Gílian uma espécie de Fada Madrinha! No youtube há vários vídeos com aulas da Gílian e você poderá se repimpar toda por lá! Aqui eu replico um deles, só pra deixar um gostinho! ;)



Há ainda, para as arteiras mais curiosas, este link aqui onde a Gílian dá dicas, passa diversos truques e técnicas variadas:


E tem ainda o seu face pessoal - para quem quiser passar lá depois de se apaixonar por ela para deixar merecidas curtidas, beijocas e outras tietices! ;) 

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