Informação importante: as vendas das coisicas aqui expostas ainda disponíveis na Lojinha estão suspensas temporariamente.

31 de janeiro de 2022

Vaso adaptado para orquídeas


Eu estava me perguntando: qual o sentido de fazer um post desse num blog que nasceu pra falar de artesanato? (mas que também já derivou, é bem verdade, pra contar histórias, mostrar músicas e até compartilhar receitas!!)... 

Hummm... Pensando bem, visto esse histórico, acho que tudo bem falar de plantinhas, né? ;)


Sempre amei o verde... montanha, natureza, flor, passarinho... Cresci numa casa rodeada de plantas e vendo minha mãe regá-las todas, sempre com grande prazer estampado no rosto! Naquela casa sem quintal, mas ladeada por um extenso corredor, um buraco de ralo em desuso virava um mini canteiro pra um frondoso hibisco florir; flores-de-maio de todas as cores pendiam de parapeitos e paredes, embelezando nossos outonos e comecinhos da primavera; de quando em quando, um mini abacaxi se manifestava, majestoso, por entre a folhagem rústica e arisca num vasinho sobre a mureta da varanda... Era um desbunde!

Quando "adultesci" e passei a ter minhas próprias plantinhas no meu apê, eu tive um choque de realidade. Ter plantas belas e bem cuidadas em casa não era tão simples como parecia e, muito diferente do sucesso de mamis com a "verdaiada" naquela casa onde passei a infância, eu não tinha a menor vocação para cuidar delas e me descobri uma "assassina" de plantinhas! Foram muitas tentativas frustradas, em épocas variadas da fase adulta, e muitas plantinhas "assassinadas"... 

Em 2019 (o ano em que a preguiça quase me doeu), disposta a mudar isso de uma vez por todas, eu futuquei-futuquei na internet e descobri o canal "Minhas Plantas", da Carol Costa, uma fofa. Apaixonei. Como sou mais de ter um livro por ler do que mil vídeos por assistir, comprei o livro da Carol e isso mudou a minha relação com a jardinagem amadora. E mudou também o destino das plantinhas aqui de casa (que passaram a sobreviver aos meus cuidados!) e eu pude, finalmente, fazer as pazes com a pá, com a terra, com as minhocas... (Bem... com as minhocas, nem tanto).

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
O livro que mudou a vida das minhas plantinhas! ;)

Entendi que eu cometia um erro gravíssimo na base do processo, negligenciando um princípio muito importante: devemos tentar simular o ambiente natural onde crescem as plantinhas que queremos ter conosco, para poder oferecê-las a melhor adaptação possível! Pra começo de conversa: na natureza não existem vasos! É tão óbvio, né? Mas a gente não pensa muito nisso ou não dá (ainda) a importância devida... Plantas são seres vivos (♥) e, assim sendo, têm suas preferências de clima, de solo, de umidade, etc... que devem ser observadas e respeitadas. Fechar os olhos pra isso é como manter um cachorro dentro de um aquário e alimentá-lo com alpiste - e querer que ele fique saudável e pimpão...

Desde que passamos a reproduzir e a "domesticar" plantinhas ao nosso gosto, devemos também estar dispostos a compensar o fato de elas não estarem mais no seu ambiente natural (e sim dentro de um vaso na nossa varanda), e essa compensação só é possível conhecendo as espécies e suas "preferências", pra podermos oferecer as condições que elas precisam para se desenvolver tão bem (ou quase) quanto na Natureza. E isso passa por compreender e aceitar que nem todas gostarão da nossa varanda...

Com essa lição aprendida, teve uma coisa que a Carol falou, num dos seus vídeos sobre orquídeas, que fez estalar um "plim" na minha cabeça! Carol nos lembrou que, na natureza, as orquídeas Phalaenopsis (essa moça das fotos - a mais comum e mais indicada para iniciantes) ficam praticamente de ponta-cabeça, agarradas às árvores - e que isso, aliás, é prova de quão sábia é a Natureza, porque, nessa posição, quando chove, a água não se acumula ali naquele "nozinho" de onde nascem as folhas novas (evitando encharcamento/apodrecimento e/ou surgimento de doenças na planta).

Cuidar para não deixar empoçar água ali é uma das primeiras coisas que nós, iniciantes, aprendemos no trato com as Phalaenopsis. E por que a gente precisa aprender isso?? Ora... porque as orquídeas que encontramos para venda são colocadas "de pé" nos vasos. Essa posição, invertida do que seria o natural para a plantinha, favorece que a água fique acumulada ali e causa ainda outro efeito indesejável: sua haste floral nasce pro lado! E é por isso que elas também são vendidas com guias fincadas no substrato: para prender a haste floral para cima. Ou seja: a bichinha é colocada numa posição invertida da sua posição natural e ainda lhe torcemos a haste para cima. É como se quiséssemos "plantar bananeira" sem deixar que nossas madeixas pendam para baixo com a posição inusitada... Difícil, né?

Pensando nisso, eu decidi dar uma aliviada pra minha "Fafá" (apelido carinhoso para Phalaenopsis - e uma saída foneticamente facilitadora pras nossas vidas) e arrumar um vaso mais adequado pra ela, que andava triiiiste e macambúzia, e que não floria havia tanto tempo, mas tanto tempo que eu nem me lembrava mais!


Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Como na Natureza: com o vaso adaptado, a planta fica em posição mais próxima 
ao que é natural à espécie, evitando que se acumule água no miolinho das folhas, 
e sua haste floral cresce naturalmente para cima, sem necessidade de guia.

Para adaptar o vaso, fiz um corte usando faquinha de serra e estilete. Troquei o substrato da orquídea (como de costume) e a encaixei no corte do vaso com a maior parte das raízes pra dentro e as folhas pra fora do buraco, preenchendo o restante com mais substrato para que ficasse bem firme (fotos abaixo).

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Adaptação e improviso: com uma faquinha de serra e estilete, fiz um corte no vaso para acomodar minha orquídea do modo mais parecido com a posição que ela fica da natureza. Simplicidade e puro amor ♥ ♥ ♥


Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Deixei esfagno de molho em água com bokashi* e depois espremi bastante pra retirar bem o excesso de líquido. *bokashi é uma espécie de "combo" de nutrientes, um "polivitamínico" para plantas. Tem em pó ou líquido e é bem prático de usar.

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Daí vem o "abraço". A gente acomoda um tufo de esfagno "vitaminado" na base das raízes e envolve esse tufo
com algumas raízes e depois envolve essas raízes com mais esfagno. Deixe algumas raízes soltas.

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Forre o fundo do vaso com manta e um pouco de substrato para orquídeas e encaixe sua orquídea passando o "pescoço" pela abertura feita no vaso, deixando o "abraço" de esfagno e raízes para dentro e as folhas para fora do vaso. Algumas raízes vão querer ficar para fora, tomando ar: deixe que fiquem ;) Complete o vaso com mais substrato e aperte com cuidado.
Obs.: com o esfagno, proteja a planta do contato direto com o corte do vaso, para evitar machucá-la! ;)

Pra que não ficasse muito frouxo o "arranjo" (porque orquídeas precisam se agarrar e sentir que estão bem firmes para conseguirem se desenvolver melhor), eu envolvi a boca do vaso com um arame, dei voltas e apertei bem, juntando mais as bordas do vaso e, assim, fechando o corte na parte de cima, formando tipo um triângulo. Cuide para que o corte feito no vaso não tenha contato direto com a planta usando mais esfagno ali, evitando assim eventuais machucados ;) 

Com o próprio arame enroscado, eu fiz o ganchinho para prender o vaso na parede. Colei um toquinho de madeira no verso do vaso, para ficar melhor acomodado junto à parede e... pronto! Uma solução simples, caseira e no improviso, pra deixar Fafá mais pimpona e feliz!

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Depois de completar o vaso com  mais substrato para orquídeas, deixando tudo bem apertadinho, ajustei a borda do vaso enroscando arame em volta. Com ajuda de um alicate de ponta redonda, fiz um arremate do próprio arame para formar um ganchinho de pendurar. Por fim, colei um toquinho de madeira para o vaso ficar melhor acomodado na parede.

Em poucas semanas, minha orquídea sofrida e macambúzia mudou de aspecto. De triste que estava, ficou vivaz e muito vistosa! Lançou novas raízes, uma, duas, três! Lançou novas folhinhas, as raízes cresceram que foi uma beleza, até encontrarem a parede - no caso, meu painel de madeira - e se agarraram ali muito bem! Não havia dúvida: Fafá estava se sentindo em casa! rs... (E eu estava radiante de feliz com isso!)

Até que um dia Fafá lançou mais um biquinho, que parecia mais uma raiz, só que meio diferente... Fiquei na dúvida se seria uma haste floral e precisei de alguns dias a mais para me certificar que sim! Era uma haste floral!!! ♥ ♥ ♥ =)

Orquídeas são assim... Depois de caírem as flores, a haste que permanece viva produzirá novas floradas numa próxima temporada e depois de mais essa florada ou mais outra, a haste costuma morrer. Nessa hora tiramos a haste. É natural. Sendo bem cuidada, uma nova haste rebrotará e você terá novas florações. Era essa parte do processo que eu nunca cheguei a ver, de uma nova haste rebrotar, porque minhas orquídeas morriam antes disso! Então eu fiquei muito, muuuuito feliz e radiante quando vi que tinha nova haste e mais ainda quando vi os primeiros botõezinhos e quando, finamente, eles se abriram! ♥

As fotos de Fafá florida são dessa época, de quando tive a ideia de adaptar um vaso, no ano passado. Mas as fotos da troca do substrato são de agora, porque na época que inventei de cortar o vaso, eu não imaginava que ia querer compartilhar essa experiência aqui... Depois que ela floriu, suas flores caíram e eu entrei em obra aqui em casa. No vuco-vuco, deixei de cuidar das minhas plantinhas e Fafá voltou a sofrer, precisei desgarrá-la do painel onde ela tinha de segurado tão feliz e ela magoou, tadinha - acho que por isso sua haste secou depois da floração. Daí, agora, eu refiz todo o processo de troca de substrato pra ela ficar pimpona outra vez e aproveitei pra fazer essas fotos pra poder compartilhar aqui.

Se você tem Phalaenopsis em casa, libera ela de ficar "plantando bananeira com os cabelos presos" pro resto da vida, rs... Tira ela desses vasos convencionais (que são necessários, senão elas se machucariam durante todo o processo de transporte e comercialização) e prepara um vasinho desses pra ela! É simples, fácil, e você estará entregando mais "qualidade de vida" pra sua Fafá, que vai ficar feliz da vida e pimpona, e agradecer com mais floradas!

Coisicas Artesanais - Vaso adaptado para Orquídeas - Simone dos Santos
Ói ela aí! Fafá, com substrato recém-trocado, livre, leve e liberada de
"plantar bananeira", pronta pra desenvolver uma nova haste floral
e brindar a vida (e alegrar nossos olhos) com novas flores! ♥

* * *


Poderá também gostar de...


"A preguiça tinha que doer"


Para onde vai o nosso lixo?






Iogurte caseiro: alimentação saudável pra você e pro Planeta

19 de janeiro de 2022

Coisicas (culinarescas) Artesanais - Torta Piemontese (de Avelãs) ♥


Há muitos, mas muuuuuitos anos mesmo, eu tinha vontade de fazer uma torta como essa em casa. Mesmo antes de provar uma autêntica torta piemontese (do Piemonte e no Piemonte), eu já mirabolava mil ideias e buscava informações sobre como fazer uma torta de avelãs que fosse exatamente isso que eu nem sabia ainda se tratar da famosa e típica torta piemontese!

O Piemonte é uma região belíssima (e deliciosa!) no noroeste da Itália (♥), onde são muito tradicionais os vinhos Barolo e Barbaresco, dentre outros, e iguarias culinarescas como trufas e avelãs. É de lá a famosa Nutella (creme feito à base, ora-ora, de avelãs!) e foi lá, num café da manhã duma pousada, que eu me deparei com a torta que sonhava descobrir como fazer, antes mesmo de saber que ela existia! rsrs...

Conversando com a senhora responsável pela pousada onde eu estava hospedada, eu soube que aquela era uma torta muito tradicional da região e que todos ali a conheciam por "torta piemontese" mesmo. Mas ela não sabia como era a receita, porque quem cuidava do café da manhã era uma senhorinha que havia preparado tudo de véspera e estava de folga justo naquele final de semana. 

Não foi exatamente simples encontrar uma receita de torta piemontese que fosse aquela que eu conheci como "a tradicional" - e que confirmava minha intuição de muitos anos, rs... Mesmo buscando em sítios italianos... Mas acabei encontrando uma com aquele mesmo aspecto granuloso e fofo e com uma informação plus muito importante para identificá-la: essa torta não cresce muito. Pensei: é esta!

Experimentei em casa, intuitivamente reduzindo o açúcar pela metade, já de cara. Nas versões que faria posteriormente, fui reduzindo ainda mais o açúcar, até chegar num ponto de delicado equilíbrio. Vamos combinar que ninguém precisa de açúcar em demasia roubando sabor numa torta onde o principal ingrediente são as avelãs, né?? 

Sim, as avelãs são a estrela principal dessa torta deliciosa, perfumada, fofa e granulosa, ao mesmo tempo rústica e delicada e... muito intrigante - que dispensa leite, manteiga e farinha e tem como base tão somente avelãs e ovos!

Não bastasse ser "enxuta" nos ingredientes, é também uma torta muito simples de se fazer. Com tantas qualidades assim, ela tem tudo pra se tornar uma das suas queridinhas (e curinga) na cozinha! E traz ainda mais uma vantagem: à mesa, é sucesso garantido! ;)


Coisicas Artesanais - Simone dos Santos


Torta Piemontese ♥


Praticidade é pouco! Pra fazer essa torta deliciosa, você tritura avelãs, bate claras e gemas em separado e depois mistura tudo! Basicamente é isso. Mais simples que isso, só dois disso!

E quem disse que não temos dois?! Abaixo eu deixo a receita com duas versões que costumo fazer em casa, a depender da ocasião: uma que rende uma forma de 20cm (ou 2 formas de 17cm) e outra, reduzida, para apenas 1 forma de 17cm. No vídeo (ao final deste post), eu faço a receita reduzida, mas o modo de fazer é o mesmo e você pode se guiar pelo vídeo pra fazer também a receita "cheia".

Bora ver?

* veja aqui dica de como tostar e despelar suas avelãs em casa ;)

Feita a massa conforme descrito acima, transfira-a para forma untada e enfarinhada e leve ao forno previamente aquecido a 250ºC por 25 a 30 minutos (para receitas "cheias" em forma de 20cm) OU por 18 a 20 minutos (para receitas reduzidas, em forma de 17 cm). 

Obs.: essa massa, à base de ovos batidos, é uma beleza pra agarrar na forma! Por isso, enfarinhe a forma com gosto! E seja cuidadosa na hora de desenformá-la. Meu "jeitinho" é passar uma espatulinha fina na borda toda pra soltar as laterais e depois ir "apertando" a torta da borda pro centro pra soltar também o fundo. Ao final do vídeo, eu mostro esse "jeitinho" - pega o bisu lá! ;)





Pequenas heresias...

Quando se trata de receita italiana, a coisa fica muito séria e você pode ser considerado herege caso modifique qualquer coisa ali, um ingrediente ou etapas do preparo. Mas (não deixemos que nenhuma nonna nos leia nunca!) em casa, todo mundo faz suas adaptações, né? E eu vou contar aqui duas adaptações que faço nessa receita e que poderão ser pequenas, porém úteis, heresias ;)

- Essência de baunilha: essência de baunilha é um ingrediente que não entra nessa torta. As avelãs são as únicas responsáveis pelo seu esplendoroso perfume. Maaaasss... se você não está com tempo na cozinha pra tirar a película da gema do ovo (rompendo a gema e deixando-a passar por numa peneira) e não tolera a menor lembrança de cheiro ovo nas tuas receitas, não se furte ao direito de usar algumas gotinhas de baunilha para mascarar eventuais odores de "omelete doce" na tua torta piemontese ;)

- Mix de avelãs e amêndoas: certa vez, não tendo avelãs suficientes para fazer a torta piemontese, mas tendo algumas amêndoas que poderiam completar a receita, eu não pensei duas vezes! Mentira, pensei sim, rs... Mas resolvi arriscar! Usando avelãs e amêndoas em partes quase iguais, a torta ficou perfeitinha - e acho que nem a bisnonna suspeitaria de tal "trapaça"! rs... Fica a dica ;)


5 de janeiro de 2022

Coisicas (culinarescas) Artesanais - Brigadeiro de café com recheio de avelã e toque de canela


O bom e velho brigadeiro de sempre com a presença do café, recheio de avelã tostada e enrolado numa misturinha de cacau e canela em pó - para paladares que já saíram da fase da infância, mas não resistem a um docinho! ♥ 


Veja receita e modo de fazer no vídeo abaixo

Mas esse brigadeiro tem história e eu já estava me esquecendo de contá-la!

Foi quando saí da casa dos meus pais, já burra velha, que comecei a fazer esse brigadeiro. Não me lembro de onde tirei a ideia de incluir café solúvel para dar sabor de café, mas lembro que eu amei o resultado e fiquei viciada e passei a fazer meu novo brigadeiro sempre no sabor café. Fazia simples, enroladinho apenas em açúcar branco. Uma delícia! ♥ ♥ ♥ 

Só alguns bons anos depois foi que, inspirada num bombom de amêndoa com cobertura de chocolate e canela que provei em Gramado/RS, eu experimentei rechear meu brigadeiro de café com avelã tostada e passá-lo numa misturinha de cacau e canela. Não faço sempre assim, apenas em raras ocasiões.

Na imensa maioria das vezes faço do modo mais simples e muito prático que todo mundo faz ou já fez alguma vez na vida: deixo a massa no prato, na geladeira, sem enrolar, e vou comendo às colheradas! ;) 

Porque o paladar de alguns pode ter saído da fase infância, mas certos hábitos não.... rs

Para tostar avelãs, siga as dicas que já deixei aqui.

E, no vídeo abaixo, veja como eu preparo esse brigadeiro pimpão!





* * *